Título: Como se Fosse Magia;
Autor(a): Bianca Briones;
Editora: Gutenberg;
Número de Páginas: 208;
Ano de Lançamento: 2016.
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Eva nasceu com o dom de passar todos os seus sentimentos para o papel, e com isso conquistou milhares de leitores pelo mundo. Agora, ela precisa escrever o último livro da sua série de fantasia, mas está com bloqueio criativo há um ano e não sabe o que fazer. Enquanto tenta se reconectar a seus personagens, a vida coloca em seu caminho um homem idêntico a um dos seus protagonistas. O problema é que o desconhecido surge sem nenhuma lembrança de quem ele é.
Enzo está muito confuso. A princípio, ele duvida da conversa maluca de Eva. Mas mesmo com dificuldade em acreditar, ele não pode negar que se sente extremamente ligado a ela.
Envolvidos por esse curioso e estranho mistério, Eva e Enzo estão prestes a descobrir que, às vezes, para que duas pessoas se encontrem, mundos inteiros são capazes de colidir.

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Minha Opinião:

Eva Montenegro é uma escritora de sucesso e muito querida por seus leitores, que veem as histórias da moça como muito além de um simples livro. Um de seus maiores destaques, porém, é uma série fantástica cujo último livro ainda não foi lançado e segue, na verdade, em um processo de escrita em total hiato desde que ela entrara em um bloqueio criativo há um ano. As cobranças da editora chegam eventualmente, bem como a dos leitores, todos aguardando o desfecho emocionante da história principal da jovem escritora que não faz ideia de como retomar a escrita e, mais ainda, a conexão tão forte e surreal, mas igualmente especial, que possui com cada personagem de sua carreira, principalmente, nesse caso, o casal de Universos Paralelos, a quem ela também se recusa, de certa forma, a dizer adeus. Durante uma noite chuvosa, no entanto, ela presencia um assalto ao longe e, quando aproxima-se da vítima após o ladrão fugir, a semelhança do rapaz com seu protagonista de Universos Paralelos, Enzo, não poderia ser maior. E uma vez que ele próprio parece ter esquecido-se de tudo à respeito de quem é, pairará a dúvida se ele poderá ser ou não o próprio personagem de Eva.

Bianca Briones é conhecida e muito querida pelos leitores principalmente pela sua primeira e principal série literária, Batidas Perdidas, que conta com quatro volumes lançados até agora, todos eles pela Editora Verus. Uma vez que não tenho muito interesse em new adults, gênero principal desses livros, acabei demorando a conhecer a escrita da autora, por maior que fosse minha curiosidade em ler algo dela, até que, enfim, a chance se fez possível com o lançamento de seu primeiro chick-lit, Como se Fosse Magia pela Editora Gutenberg no ano de 2016. Com a oportunidade de poder conferi-lo esse ano, assim, finalmente pude conhecer não apenas sua escrita em geral como, principalmente, entender melhor o porquê dela ela ser tão elogiada e amada pelos leitores. Se pelas redes sociais seu carinho ao falar sobre suas histórias e personagens já era visível, logo que comecei a leitura da história de Eva, então, vi de perto o cuidado que ela tem para escrever seus romances e desenvolver seus personagens com um toque extra de realidade e naturalidade que muito me cativaram logo de imediato.

“— Minha amiga, você não é louca. — Ele me deu um beijo estalado na bochecha. — Você é uma escritora. Não uma comum, daquelas que vemos aos montes por aí. Você é capaz de ver além do que vemos. Você vai além das palavras. Você tem um dom. É como se fosse magia. E nem todo mundo está preparado para ser preenchido com uma boa dose de magia.”

O início de Como se Fosse Magia já consegue ser cativante por si só ao unir a narrativa fluida e gostosa da autora com o clima descontraído, ainda que em alguns momentos sensíveis e sérios, e mais o fato dos capítulos serem curtinhos e darem ainda mais dinamismo à leitura, fazendo-a avançar sem que nos demos conta disso realmente. A narração, então em primeira pessoa, começa principalmente por Eva,  e não é preciso muito tempo de leitura para reconhecer seu jeito sonhador e romântico por natureza, ainda que seus relacionamentos anteriores não tenha sido nenhum mar de rosas como os que ela escreve em seus livros. É uma mulher determinada mas eventualmente avoada quando está em processo de escrita, o que, no entanto, não acontece já tem um ano, desde que um incidente em particular a fizera entrar em um bloqueio criativo intenso, motivo pelo o qual o volume final de Universos Paralelos ainda não saiu e, portanto, sua editora siga pressionando-a perante o prazo final de entrega que atualmente é de apenas quinze dias. É uma personagem certamente carismática e também bem humorada que com quem simpatizei de imediato, ao mesmo tempo em que, por vezes, também me identifiquei um pouco com seu jeito espontâneo e amoroso de ser com aqueles que ama e mesmo, claro, seus leitores.

A partir do momento em que ela vem a deparar-se com o rapaz após o assalto na rua à noite, porém, ele próprio começa a narrar um pouco do livro também, e a leitura passa a alternar entre capítulos dela e outros dele. Uma vez que não lembra-se de nada à respeito de si próprio, nem mesmo seu nome, acaba sendo chamado simplesmente por Enzo, tanto pela semelhança dele com o protagonista do livro de Eva como por ser, de uma forma estranha, o único nome com o qual ele parece se identificar, ainda que não saiba realmente o porquê. E após uma rápida internação após sequelas deixadas pelo assalto violento que sofrera, sem ter um lugar para ir, Eva acaba sugerindo-lhe seu próprio apartamento, onde possui um quarto vago para abrigá-lo até aparecer alguém buscando seu paradeiro. E ao longo da amizade que se dá início entre eles, juntamente com a de Thiago, agente literário e melhor amigo da protagonista, Enzo começa a viver um dia de cada vez tentando recuperar a própria memória enquanto Eva se dedica ao livro quando uma inspiração repentina surge a partir de uma nova e inesperada personagem que aparece para ela, desmanchando aos poucos o bloqueio criativo de outrora.

“— Não sei que força é essa que nos liga. Acho que às vezes, para que duas pessoas se encontrem, mundos inteiros são capazes de colidir.”

É uma leitura decerto cativante e que muito diverte por entre o dia-a-dia aparentemente comum, mas ao mesmo tempo mágico e inusitado de Eva, principalmente quando o bloqueio se rompe e ela volta a se conectar com seus personagens. Esses momentos, particularmente falando, são alguns dos que mais me encantaram durante a leitura, pela forma (sur)real e quase palpável com que Bianca retrata a magia da escrita ao se lidar com seus próprios personagens disputando sua atenção para contar-lhes, enfim, sua história e, assim, dar chance a mais um livro. O processo de Eva chega a ser bem mais íntimo com eles, inclusive, e a narração dessas cenas se dá de forma tão sensível e delicada que é quase como se estivéssemos vendo eles junto à ela no livro. O romance, por outro lado, foi outro fator que muito me encantou, principalmente por ele começar de forma lenta e mais natural, dando margem ao casal primeiro se conhecer, conviver e trocar rápidas identificações por entre a literatura, quando ele próprio passa a ler os livros dela e mesmo a vê-la em seus momentos de pura inspiração, sendo o único, depois de Thiago, claro, a compreendê-la e aceitá-la do jeito espontâneo e intenso com que seu amor pela escrita acontece. Um romance que certamente rende suspiros, e que só não me envolveu ainda mais porque foi visivelmente ofuscado por um ponto em particular, em seguida.

Como já citei, Thiago é o então agente e melhor amigo da nossa protagonista, desde o primeiro capítulo do livro incitando risos e descontraindo a leitura de uma forma muitíssimo bem-vinda. Mas nem só de bom humor e descontração vive essa dupla de melhores amigos. Apoiados mutuamente um no outro, desde que se conheceram na faculdade quase dez anos atrás, possuem uma amizade ímpar que me fez envolver-me imediatamente à leitura, que encanta pelo companheirismo mútuo, onde ambos contam um com o outro para o que der e vier. Ele é o único, à princípio, a não afastar-se dela ou taxá-la como louca devido a excentricidade dela durante a escrita de seus livros, por sentir e enxergar seus personagens quase como se fossem reais de uma forma que ninguém, nem mesmo seus pais, no passado, foram capazes de compreender e aceitar, e ela, por sua vez, sendo a amiga que ele nunca teve antes e apoiando-o e amando-o ele sendo ou não gay, após ter sido tão rejeitado e maltratado pelos pais alguns anos atrás.

“As pessoas buscam tanto por um grande amor e nem sempre percebem que às vezes já o tem. Amor não precisa ter a ver com sexo, atração física e desejo. Amor é tudo o que meu melhor amigo significa para mim. É ele estar aqui sempre que preciso. É eu estar com ele sempre que precisa. É rirmos do quanto podemos ser idiotas. É nos apoiarmos quando somos feitos de trouxa. É limpar as feridas quando nos machucam e ajudar um ao outro a lidar com as cicatrizes que estão ali, sempre presentes, esperando a oportunidade de nos desestabilizar. É aceitar incondicionalmente essa pessoa, porque você sabe que nenhuma outra preencheria seu coração como ela. É uma ligação que não se sabe como começa, mas que nunca termina. Eu poderia enfrentar todas as dores, poderia ver todas as pessoas partirem, menos viver em um mundo em que o Thiago não existia.”

Juntos, foram uma dupla que de cara muito me divertiu e encantou por serem o retrato do que é uma relação de amizade pura e sem julgamentos. Mais do que um simples chick-lit ou uma história de amor, Como se Fosse Magia acaba por ir um pouco além e representar, mais ainda, antes do amor romântico, o amor fraternal, entre amigos, de tal forma sincera e envolvente que é impossível terminar a leitura e não desejar uma relação de igual cumplicidade como Eva e Thiago tão bem tem. Ambos aceitam-se como são, com seus defeitos e qualidades que todo ser humano tem, e até então eram apenas os dois na vida, até que Enzo integra à vida de Eva e, consequentemente, a de Thiago, e antes mesmo da relação amorosa deste com ela, acaba completando ainda mais o trio e firmando uma amizade igualmente sólida e bonita com eles que me deixou toda suspiros e orgulhosa deles.

Assim, Como se Fosse Magia acaba se mostrando uma mistura gostosa e envolvente de chick-lit com um toque especial de fantasia contemporânea em meio a vida de personagens que, assim como nós, leitores do mundo real, são amantes da boa literatura e, no caso de Eva, enxergam verdadeiros mundos e pessoas das mais variadas personalidades e aparências, cada uma esperando seu momento certo de contar sua história e ter seu próprio livro. Uma leitura cativante, sensível e doce que vai além do romance, e conquista o leitor com uma das amizades mais fortes e sinceras que já tive o prazer de conhecer, com uma escrita tão leve e por vezes divertida por parte de Bianca Briones que, por fim, concluo a leitura já desejando continuar a ler mais de suas obras. Leitura mais do que recomendada, seja você um sonhador, um escritor, ou mesmo um leitor que gostaria de entrar na pele de um por algumas horas. 

7 Comentários

  1. Uaaaaaal que legal eu amei conhecer sobre o livro e lendo sua resenha percebi que alguns pontos do livro lembra muito a história da Samanta Holtz - Quando o amor bater à sua porta, não sei se você já teve oportunidade de ler mas vejamos as coincidências entre os dois livros que identifiquei: nos dois livros ela é uma escritora aclamada com bloqueio criativo, nos dois livros aparece um rapaz que não lembra quem ele é no livro da Bianca ele lembra o protagonista do livro dela, no livro da Samanta ele tem o mesmo nome do personagem e ela sente que precisa ajudar o rapaz e o abriga em sua casa enquanto tenta escrever o livro.
    Mas eu com certeza leria esse livro pois estou nessa vibe de chicklist depois de uma leitura intensa.

    Amei conhecer seu blog e a forma como você resenha é excelente, já estou seguindo.
    Bjs

    http://vestigioliterario.blogspot.com.br/

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  2. Tô para ler Batidas Perdidas a um tempão.
    Mas acabei gostando mais da história de Como se fosse magia, acredito que misturar um pouco de fantasia num chick-lit é muito legal. Cecilia Ahern faz isso muito bem.
    Nota-se que os personagens são bem escritos ♥
    Chick-lit não é muito bem forte, porém acho que prefiro esse do que os livros Batidas Perdidas hehehehe
    Beijinhos, Helana ♥
    In The Sky, Blog / Facebook In The Sky

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  3. Oi Sâmella.

    Tem um tempo que não leu Chick-lit e tenho vários livros na fila da minhas leituras, mas não é Bianca Briones. Não conheço nenhum livro dela e como você mostrou que a história envolvente com toque especial de fantasia contemporânea vou adicionar na minha lista de desejados. Espero gostar da história também.

    Bjos

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  4. Olá !!

    Tenho uma amiga que é blogueira e ama essa autora! sempre me indica os livros por isso comprei a primeira série dela , preciso criar vergonha na cara e ler! kkkk

    Depois dessa resenha fiquei mto curiosa! ainda não tinha parado para ler a resenha ou sinopse desse livro e fiquei mto interessada!

    Adorei!

    Beijos
    Jess
    www.pintandoasletras.com.br

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  5. Olá!

    Eu queria muito ler esse livro, mesmo sem ter lido resenhas, agora, ao ler seu texto tão esmiuçado, é impossível não querer ler! Fiquei curiosa pra saber o que causou o bloqueio na Eva, além de, claro, torcer pra que ela fique com o Enzo haha

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  6. Olá,
    Ainda não tive nenhum contato com a escrita da Bianca, mas sempre ouço muitos elogios.
    A premissa é bem interessante e por si só a capa e a sinopse chamam bastante minha atenção.
    Lendo sua resenha só me deu mais vontade de me aventurar na obra, que pelo que entendi consegue abordar de forma mágica o cotidiano da personagem e o fato de ser uma leitura divertida e cativante me anima.

    LEITURA DESCONTROLADA

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  7. Não posso ver "chick-lit" que logo associo a filmes da Sessão da Tarde hahaha. Aquelas histórias leves, divertidas e às vezes com uma pitada de drama? Sempre vejo dessa forma e rola essa comparação...
    Uma coisa legal que vi na sua resenha é o fato de o romance ser construído entre os dois de forma natural, sem correrias.
    Já conhecia a autora, mas nunca tinha visto nada sobre seu livro. Não faz muito meu estilo, mas, caso um dia eu decida tentar coisas novas, já sei por onde começar.

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