E a Semana A Chama da Esperança chega ao fim, após conhecermos o enredo, seus personagens, saber um pouco sobre a minha opinião - nesse exato momento, não mais imparcial, haha - sobre essa fantasia arrasadora, mas não sem antes, porém, fechar a semana com chave de ouro com uma entrevista inédita com a autora M. V. Garcia, contando um pouco do processo de criação e escrita da história até projetos futuros. E aí, bora conferir? ;)

SS: Olá, Mayara! Primeiramente, muito obrigada por ceder essa entrevista!
M.V.: Olá Sâmella! Eu estou muito feliz mesmo de poder conceder essa entrevista! Muito obrigada pela oportunidade!

SS: A começar pela curiosidade que certamente chama a atenção dos leitores à primeiro momento, como foi que surgiu toda a inspiração e ideia para criar e desenvolver o enredo da duologia A Chama da Esperança?
M.V.: Bom, sobre o Chama, a inspiração principal foram os animes e mangás (desenhos e histórias em quadrinhos japoneses) e os jogos de RPG (rolling playing game). Quem me conhece sabe que sou apaixonada, sobretudo pelos títulos que se passam em cenários medievais, com castelos, magia, outros mundos... Gosto muito dos livros clássicos de Literatura Fantástica, como os de Tolkien, mas eu sentia falta de um livro com linguagem mais dinâmica, que passasse mesmo a impressão de que, ao se ler, você estivesse mesmo assistindo a um anime ou jogando um jogo. E assim nasceu o Chama!

SS: Por tratar-se de uma duologia, ainda que o primeiro livro precise introduzir muitas coisas ao leitor sobre o mundo criado por você, a narrativa não perde a agilidade e não cede a tornar-se maçante em momento algum, sendo bem cheia de ação em diversos momentos, na verdade. Como foi, então, equilibrar a introdução com o desenvolvimento ágil do enredo de uma forma tão natural?  
M.V.: Fico muito feliz que você tenha tido essa impressão, Sâmella! Por que igual falei ali, era justamente essa a minha intenção. Clássicos como Tolkien (Senhor dos Anéis) ou um G.R.R. Martin (Crônicas de Fogo e Gelo)possuem mundos fantásticos fascinantes mas possuem linguagem  muito rebuscada, que acaba às vezes “espantando” alguns leitores. Por isso eu quis criar um mundo de fantasia mas apresentá-lo de forma ágil, sem perder a ação. Pra mim a autora que melhor consegue fazer isso é a maravilhosa J.K. Rowling (Harry Potter). Ela consegue em poucas páginas fazer o leitor se sentir dentro de Hogwarts, e não precisa de páginas e mais páginas só pra descrever o cenário. Ela vai descrevendo e, ao mesmo tempo, a história continua a fluir. Acho isso fantástico! Aprendi muito isso com ela. E principalmente, me inspirei muito na linguagem dos mangás e videogames, que possuem em seu próprio formato uma linguagem mais ágil.

SS: O contexto é baseado numa divisão que acontece entre humanos e cinco clãs feiticeiros, que posteriormente vieram a fundar sua própria República. Ainda assim, cada grupo, Terra, Ar, Fogo, Trovão e Água, permanece vivendo afastado dos demais. Como foi desenvolver e distinguir, cada qual com suas características, rotinas e imagem próprias, cada um dos cinco clãs e seus povos e regiões típicas de habitação? A criação foi tão cuidadosa que soou quase como criar uma mitologia inteiramente própria em diversos momentos da leitura. Teve muita pesquisa para construir todos eles com tamanha realidade e distinção?
M.V.: A idéia inicial do Chama foi imaginada por mim pela primeira vez há quase dez anos, e desde então, fui aos pouquinhos criando todo esse mundo na minha mente. Então, tive muito tempo pra ir imaginando tudo. Durante todo esse tempo, fui estudando e conhecendo novas influências, fosse nas moradias, no modo de vestir, na alimentação... O mundo de Yuan é uma mistura de muitas culturas. Os vilarejos dos feiticeiros de Fogo, por exemplo, foram inspirados nas vilas nômades do continente africano; a comunidade dos feiticeiros de Água foi baseada nas comunidades esquimós e tribos indígenas norte-americanas... e por aí vai. Foi muito legal ir modelando cada aspecto desses povos ao longo dos anos. Creio que a criação do mundo em si é a parte mais legal ao se escrever um livro de fantasia.
Mapa oficial da história, desenvolvido por M. V. Garcia e Franklin Fernandes.

SS: Uma pergunta mais voltada um pouco à curiosidade agora, se o mundo de Wilford e a República fosse real e você mesma fizesse parte dele, identificar-se-ia com qual clã feiticeiro? Ou seria simplesmente uma humana em Willford? Porquê? 
M.V.: Eu sou fascinada pelo mundo dos feiticeiros, mas acho que eu seria uma humana. Meus favoritos são os feiticeiros de Fogo, por causa de seu jeito valente e corajoso, mas sinceramente, acho que eu não sobreviveria um dia sequer nas planícies de Ghennas (risos)! Não sou durona como a Kaira. Aliás, a personagem com mais me identifico na história é justamente a Yukiko, a rainha humana de Willford. Ela não tem superpoderes, mas é inteligente e adora livros.

SS: O livro é dotado de personagens fortes e cheios de atitude, a começar pela protagonista, Kaira, que segue em amadurecimento ao longo da duologia. Como foi construir sua personalidade, história e guiá-la por entre sua jornada? Ela tem um pouco de você mesma ou é pura criação individual mesmo?
M.V.: A Kaira é uma como uma filha e, ao mesmo tempo, como um ídolo pra mim. Eu sempre quis ter a coragem dela, e a admiro muito por isso. E ao mesmo tempo, a vejo como uma filha porque ela cresceu e amadureceu junto comigo, tanto no livro como na vida real! Eu a criei em 2002, há exatos 14 anos! Ou seja, ela já tem na vida real quase a idade que ela tem no livro (15 anos). Por isso, que quando digo que ela cresceu comigo, é verdade mesmo. Ela é a minha personagem mais antiga, que criei enquanto ainda adolescente e tenho comigo até minha vida adulta. Por isso a conheço muito bem, porque durante todo esse tempo fui amadurecendo a personalidade dela – e amadurecendo junto! Por isso a jornada dela é uma jornada de crescimento.

SS: Quanto aos demais personagens do enredo, como foiconstruir tantas personalidades distintas entre si, desde os mocinhos até os vilões? Surgiram antes do enredo ser formado ou acompanharam a escrita da duologia? Teve algum personagem mais particularmente difícil de ser desenvolvido ou com o qual você se apegou? Porquê?
M.V.: Os personagens foram surgindo aos poucos junto com a construção do mundo. Adill, por exemplo, surgiu no momento em que criei a escola de Kaira. A princípio, ela era apenas isso: “a professora de Kaira”, mas aos poucos, fui desenvolvendo sua personalidade e ela ganhou uma importância enorme na história. Ah, uma curiosidade: alguns dos personagens foram “herdados” de outras histórias! Na adolescência, eu escrevia muitos quadrinhos e contos curtos, mas ainda não tinha escrito nenhuma grande saga. Quando finalmente comecei a conceber o Chama, eu trouxe pra ele alguns personagens destas histórias. Kaira, Ryuka e Yukiko, por exemplo, eram personagens de três histórias distintas. Como eram personagens que eu “já conhecia”, ficou mais fácil trabalhar com eles. E sem dúvida que os personagens que mais me apeguei foram Kaira e Hawk, porque são meus personagens mais antigos. Criei-o pouco tempo depois de Kaira, ainda em 2002. E ele com certeza é o personagem mais difícil de ser desenvolvido da história, mas justamente por isso, tenho um carinho muito especial por ele.

SS: Ao tratar sobre a rivalidade existente entre humanos e feiticeiros, A Chama da Esperança acaba por evocar reflexões diversas à respeito do preconceito sofrido por certas pessoas ou grupos específicos, e as consequentes marcas negativas deixadas nas vítimas ao longo dos anos, que podem ou não ser superadas dependendo do apoio que recebem. Você já tinha o tema em mente a existir na história ou ele acabou ganhando ainda mais dimensão e intensidade no decorrer da narrativa do que você esperava à princípio?
M.V.: Eu fiquei muito feliz com a resposta do público em relação a isso. Os leitores foram quem mais me chamaram a atenção para esse aspecto, e fiquei muito feliz e grata com essa reação. 
A princípio, lá na minha adolescência, quando comecei a elaborar a primeira parte da história, pensei apenas em uma dinâmica simples de trama de fantasia: humanos em guerra contra feiticeiros. Mas conforme os anos passaram, passei a refletir mais sobre aquilo e a ver o quanto (infelizmente...) aquilo se parecia com o nosso mundo. Por isso, o livro 2 (que comecei e terminei de escrever bem mais recentemente) explora mais profundamente esse aspecto. 
Foi muito interessante ver as reflexões do público, e espero que todos tenham entendido a mensagem que fica da história.

SS: Como fantasia, A Chama da Esperança foi uma leitura que realmente me surpreendeu muito, além de a muitos outros leitores também. Podemos esperar mais alguma coisa desse incrível universo ou ela continuará fechada apenas nos dois livros já lançados?
M.V.: Muito obrigada! Sim, muitos leitores pediram e eu também sinto falta deste mundo e destes personagens. Ainda há mais histórias de Yuan que planejo contar! Por ora, ainda estou planejando em como pretendo fazer isso. Penso, por ora, em publicar (gratuitamente, via Wattpad) alguns contos gratuitos, mostrando mais sobre alguns personagens. E, futuramente, uma nova saga ambientada em Yuan, mas centrada em novos personagens (mas com algumas participações especiais, he he). Mas isso ainda vai demorar um pouco.

SS: Além de escritora, percebemos também que você mesma ilustra seus personagens e capas. Como é, além de escrevê-los, poder passar para o papel a forma como você os imagina exatamente, assim, por conta própria? Você fez algum curso de desenho e/ou pintura ou aprendeu sozinha? 
M.V.: Sempre gostei de desenhar desde criança (inclusive, a ideia original era que A Chama da Esperança fosse uma história em quadrinhos!). Na busca por me especializar, cursei a faculdade de Artes Visuais, me formei em 2008. E a experiência é maravilhosa, porque eu primeiro visualizo o personagem em mente antes de contar a sua história. Depois que visualizo, desenho; e a partir do desenho é que consigo começar a criar melhor a história! Sou muito apegada à questão visual, creio que pela influência dos animes e videogames.

SS: Além de A Chama da Esperança, você tem outros projetos em mente? Também são/seriam do gênero fantástico ou você pretende arriscar um outro estilo? 
M.V.: Fantasia é uma paixão, então acho que dificilmente eu me arriscaria em outro estilo, mas quem sabe (risos). Atualmente, comecei um projeto como co-autora, junto com minha amiga Sarinha Tomoyo-chan, que é justamente para um livro de fantasia, mas estamos rascunhando o projeto ainda. Está sendo uma experiência diferente, isso de escrever a quatro mãos (risos) e com personagens que não foram originalmente concebidos por mim, mas estou gostando! Espero em breve poder dar mais detalhes. 

SS: Como leitora, quais são seus autores e histórias favoritas? Eles te influenciaram de alguma forma como escritora?
M.V.: Nos livros, minha musa inspiradora é e sempre será J.K. Rowling (Harry Potter). Mas minha influência vem muitos dos mangás e jogos, dos quais posso citar como favoritos: Naoko Takeuchi (Sailor Moon), Natsuki Takaya (Fruits Basket) e Yoshitaka Murayama (roteirista do jogo Suikoden II).

SS: Novamente, agradeço muitíssimo a entrevista, Mayara! Desejo-lhe cada vez mais sucesso e muita inspiração para continuar a desenvolver histórias tão incríveis como A Chama da Esperança! Gostaria de deixar um recado para os leitores do blog?
M.V.: Mais uma vez muitíssimo obrigada, Sâmella! Agradeço todo o seu carinho e apoio! Aos leitores do blog, agradeço por terem acompanhado essa entrevista e espero que vocês tenham ficado interessados em conhecer a saga A Chama da Esperança! Para mais informações, acompanhem nossa página do Facebook, e para adquirir os livros, entre no site da Editora Arwen (para comprar o livro 1 - aqui) e no site do Clube dos Autores (para comprar o livro 2 - aqui). Um forte abraço a todos!

Bom, é isso! Espero que tenham gostado dessa semana tanto quanto eu, e que venham a dar uma chance à essa leitura mais do que imperdível não apenas para os leitores de fantasia, bem como, simplesmente, todos aqueles que apreciam uma história emocionante e intensa, muito bem construída! Desejo muito sucesso à autora, tanto com a duologia como com as demais eventuais obras que ela publicar, e que em breve eu possa estar falando delas próprias aqui no blog também! 

Beijos,
Sâmmy

7 Comentários

  1. Olá!

    Eu gostei muito da entrevista! Pena que perdi os posts da semana anterior, achei bem legal essa história, mesmo eu não curtindo tanto fantasia!

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  2. Oláá! Tudo bem?
    Não acompanhei os anteriores, mas assim que me deparei com a entrevista em que ela fala que se inspirou em animes e rpg, já fiquei super interessada e vou lá ver a sinospe da duologia, porque parece ser muito legal!! :)

    Seguindo aqui!
    Beeijo

    http://lecaferouge.blogspot.com.br/

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  3. Oiii!!

    Semanas de divulgação são ótimas! Gostei bastante da entrevista é a melhor forma de conhecer um autor e suas influências ❤

    Beijinhos

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  4. OOI Sammy!
    Amei a entrevista! Não conhecia a autora e nem seu livro, e gostei de conhecê-los aqui. Até me interessei pela obra. (Sou amanteee de fantasia! haha) Já quero realizar a leitura!

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  5. Oi Sammy.

    Eu gostei muito da entrevista, pois não conhecia a autora e nem o livro. Realmente fiquei interessada, pois é um gênero que ganhou bastante destaque este ano entre as minhas leituras e cada dia que passa está conquistando um espaço na minha estante. Vou adicionar na minha lista.

    Bjos

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  6. Olá! Adorei saber um pouco mais sobre a autora, principalmente que ela tem uma narrativa ágil. Eu não sou fã do estilo fantástico, mas admiro quem consegue escrever personagens bem construídos, bem como reinos bem pensados, para levarem ao leitor uma história muito crível. Se a autora também é ilustradora, parabéns! É muito difícil ser "multi" em todas ás áreas de trabalho.
    Beijos!
    Karla Samira
    http://pacoteliterario.blogspot.com.br/

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  7. Oi Sâmella! Já falei pelo Face mas queria vir aqui também te agradecer imensamente por todo o carinho e por todo o apoio! A sua semana temática ficou linda, amei suas resenha, e não tenho palavras pra agradecer! E foi um prazer conceder essa entrevista, eu amei! Beijos!

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Obrigada por ler o post!
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