Título: Querido Desconhecido;
Subtítulo: Duologia Segredos #1;
Autor(a): Ana Luísa Ricardo;
Editora: (Publicação Independente);
Número de Páginas: 347;
Ano de Lançamento: 2015.
Leia na íntegra no Wattpad


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Uma garota. Cartas anônimas. Uma seita secreta. Se um "desconhecido" lhe enviasse uma carta, você escreveria uma resposta? Cecília escreveu. Em meio à turbulenta e confusa fase universitária, Cecília precisa aprender a lidar com os primeiros sintomas da "vida adulta". Relacionamentos rompidos, sentimentos ambíguos, perigos velados. Mergulhada em uma crise existencial, Cecília parte numa busca desenfreada para entender tudo o que está sentindo. Para isso, ela contará com a ajuda de sua psicologa, que a incentiva a escrever cartas anônimas e deixá-las em alguns cantos da universidade. Tudo vai bem, até que, um dia, alguém responde uma dessas cartas, e essa resposta chega até Cecília. A partir daí, ela passa a se corresponder com um total desconhecido que, aos poucos, vai aguçando ainda mais sua curiosidade. O que ela não sabe é que alguns segredos ficam melhor escondidos. E que os perigos estão onde menos esperamos. Afinal todos têm segredos, mas alguns são mais perigosos que outros. Um livro recheado de mistérios e descobertas, que nos deixa uma pergunta: Até que ponto é possível confiar nas pessoas que amamos?

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Minha Opinião:

No livro de Ana Luísa Ricardo, seremos apresentados à Cecília, uma estudante do curso de Publicidade na Universidade de Rio Paulista cuja rotina tem se limitado à mais pura normalidade, por entre os altos e baixos familiares e do seu mais recente término de namoro com Heitor, após dois anos que, no entanto, tem dividido a mente da moça que, agora, vê-se precisando de um tempo para recobrar as ideias e encontrar a si mesma entre seus dilemas e conflitos internos de cada dia, sentindo-se despreparada para entregar-se de verdade ao rapaz, da mesma forma que ele já faz. Dividindo um apartamento próximo ao campus universitário com dois amigos, Clarice e Tomás, além das horas extras na companhia de Lavínia e dos gêmeos amigos desde o colégio, Mateus e André, ela tem procurado espairecer-se dos problemas, não sabendo, porém, que ignorar e negar toda a bola-de-neve que eles estavam formando dentro de si só deixaria tudo ainda pior. E é quando, após uma consulta com uma psicóloga, depois de muita insistência de Clarice, ela é incentivada a escrever e abandonar cartas para ninguém em específico senão o desconhecido, que ela se vê, aos poucos, encarando a si mesma e permitindo-se, enfim, superar os conflitos passados, ainda que aos poucos. O que ela não imaginava é que, não muito longe dela, ocorresse uma série de crimes envolvendo seitas perigosas da região e mistérios cada vez mais intrínsecos que pudessem, ou não, afetar a sua própria vida e a daqueles que ama, de uma forma tão inesperada.

Deparei-me por acaso com a sinopse do livro certo dia no Facebook e rapidamente entrei em contato com a autora após me interessar de forma bem inesperada pela premissa. Ao conversar com a própria Ana Luísa, soube que a história ia um pouco além e tratava-se, também, de um suspense envolvendo seitas criminosas e vingativas situadas misteriosamente entre as imediações da Universidade de Rio Paulista. Admito que, nesse ponto, fiquei um pouco receosa por essa abordagem a mais e com medo de não me envolver tanto com o enredo por causa desse adicional, mas a verdade é que eu não apenas me envolvi com a história de Cecília e toda a trama envolvendo as seitas como um todo, como, também, apeguei-me aos personagens e segui atenta à leitura quase tanto quanto os envolvidos na seita da Revel, tão ansiosa quanto os próprios por desvendar os mistérios em que ela se encontrava.

“‘O’ sabia que, quem nascia para ser vilão, jamais seria um herói. Era a lei da ficção. E também da vida. Afinal, a vida imitava a arte, certo? Ou será que a arte imitava a vida?” 

Já no prólogo da história somos apresentados ao personagem de Ômega, também conhecido simplesmente como "O", cuja identidade nos é desconhecida durante boa parte da leitura, uma vez ele sendo parte da Revel e adotando uma postura completamente diferente do seu habitual. A cena que se desenrola nesse início é intrigante por si só de tal forma que já iniciamos a leitura com questionamentos de "quem?" e "por quê?", o que acaba impulsionando ainda mais a leitura, juntamente com a escrita muitíssimo fluida e envolvente de Ana Luísa. À seguir, no primeiro capítulos, encontramos Cecília e Heitor pondo um fim definitivo a seu namoro, por mais apaixonado que ele seja por ela, que, por sua vez, gosta do rapaz mas não se sente mais tão certa sobre essa relação no momento.

“‘Não procure a pessoa certa, mas a errada, que fará todos os seus lados errados se tornarem certos.’ E não entenda ‘errada’ no sentido de caráter, mas no sentido de que ninguém é perfeito para ninguém. Que todo ser humano é cheio de erros e falhas, rachaduras e cicatrizes. É nas imperfeições que o amor nasce, cresce e se fortifica.” 

Nesse ponto, conhecemos um pouco da personalidade insegura e distante de Cecília, e todas as suas sequentes dúvidas quanto ao amor, após encarar as lembranças do próprio relacionamento e ter reparado em tantas vezes que deixou-se levar pela opinião de Heitor e não seguiu a sua própria, além de perceber-se tão fechada e distante à respeito de seus próprios sentimentos e da melhor forma para expressá-los, um quase reflexo da convivência nada harmoniosa em um lar permeado de humilhações do pai para com a mãe, que de tanto amá-lo, aceitou todas as ofensas sem nunca reclamar, provocando questionamentos na então filha mais velha. A partir daí, torna-se cada vez mais nítido, com o passar da leitura, a divisão de opiniões na mente da personagem e o quão perdida ela está, não apenas no quesito amoroso, mas inclusive em si própria e suas opiniões reais, e acompanhamos um verdadeiro amadurecimento de sua parte no decorrer da história, à medida que as cartas ao desconhecido entram em cena e, após ser correspondida de forma igualmente anônima na primeira delas, e passam a fazê-la encarar a si mesma como nunca fez antes. Assim, por vezes, identifiquei-me com ela entre suas indecisões e inseguranças, e foi ainda mais incrível vê-la amadurecer com o passar do livro.

“Não é necessário exagero para ser amor. Para entender esse sentimento é preciso ter olhos e ouvidos de poeta, que enxerga nas entrelinhas e escuta o silêncio daquilo que, para ser entendido, é necessário apenas sentir.”

Ela, porém, não foi a única personagem, por mais que ainda protagonista, a me cativar no enredo. Seu grupo de amigos André, Tomás, Clarice, Lavínia e Mateus, também muito me envolveram e senti-me quase parte do próprio grupo. É uma mistura tão divertida e por vezes harmônica de diferentes personalidades que fica difícil não se apegar a cada um deles, inclusive com Vicente, professor substituto de uma das disciplinas de Cecília, e que acaba por adentrar à banda dos rapazes do grupo, a Piolhos Letrados, e contribuindo de forma igualmente divertida e por vezes até profunda, entre suas várias discussões com Cecília à respeito das metáforas sociais e psicológicas da obra O Lobo da Estepe, um de seus preferidos, à respeito da dualidade do ser humano, em ser tanto bom quanto mal da mesma forma, mudando apenas a diferença e intensidade com qual as duas essências são alimentadas por cada pessoa. Só admito que apeguei-me, ainda mais, à Mateus, de uma forma mais especial, devido toda a sua espontaneidade por entre seus traços mais sensíveis e românticos, e por mais que eu tenha gostado de Heitor no início do livro, torci mais ainda pelo Mateus rumo a ganhar o coração de nossa protagonista que, no entanto, permanece fechada durante sua jornada rumo a encontrar a si própria.

“— O máximo que a gente pode fazer nessa vida é tentar. Tentar! Pelo menos podemos nos olhar no espelho e ter a certeza de que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. O pior sentimento do mundo é o arrependimento — Deco sorriu, com uma pontada de tristeza — Sabe? Olhar para trás, sem saber se daria certo ou não? Imagine passar o resto da vida preso ao passado, fantasiando o que poderia ter dado certo, mas ficou apenas no pensamento?”

Uma pequena ressalva mais específica, porém, às cartas trocadas por Cecília e seu desconhecido. Na primeira escrita por ela eu achava que não fosse me envolver tanto, por mais profundo e singelo que fosse acompanhar o desabafo da personagem enquanto encarava a própria personalidade e conflitos internos, mas ao longo da troca de cartas no decorrer do livro, por mais que poucas, cada uma delas foi escrita e desenvolvida de uma forma tão sublime, com desabafos por vezes fáceis de nos identificarmos, fluindo com uma leitura tão gostosa que me vi marcando quotes em diversas passagens delas. As cartas escritas pelo Desconhecido em especial, por falarem tanto sobre o amor, desde a beleza à força e a importância desse sentimento na vida de cada um de nós, que, por diversas vezes, elas chegaram a ser até mesmo poéticas e delicadas de tal modo que, sinceramente? Emocionei-me com várias delas e, mais uma vez, parabenizo a autora por tamanho cuidado e sensibilidade para escrevê-las e desenvolvê-las de modo tão bonito e marcante.

“— Não queria machucar você — ela murmurou.
— Eu já estou machucado, amor — ele contornou o rosto dela com os dedos, parando em sua bochecha — mas isso é bom. Eu quero que doa. Quero que machuque. Essa dor me dá a certeza de que o que sinto por você, aquele sentimento que trago desde adolescência, é mais real do que eu imaginava. Que o que eu sinto por você não é só um sonho adolescente. Meu amor por você existiu e ainda existe em mim.” 

E por mais sem identidade confirmada durante boa parte da leitura, também apeguei-me muito a Ômega e seus iguais conflitos internos e externos por entre sua participação na Revel para vingar a morte da namorada há oito anos atrás, envolvendo-se em uma grande e intrínseca teia criminosa e perigosa de tal forma que eu quis, por muitas vezes, adentrar ao livro e tirá-lo simplesmente desse mundo, libertá-lo como há muito ele deseja ser libertado, mas pagando, cada vez mais, o preço de envolver-se em algo tão além do amistoso e que pode levar não apenas ele, bem como a própria família e amigos, para a morte certa caso ele não colabore com os planos do Alfa e, consequentemente, do General, mais uma vez figura que por mais desconhecida que seja durante boa parte do enredo, deixa o leitor cada vez mais incerto e receoso sobre seus próximos passos e consequentes intervenções inesperadas na vida dos personagens.

“E quando o que há por dentro muda, é inevitável não mudar aquilo que está do lado de fora.” 

Foi mais especificamente nesse ponto da narrativa, após muito me envolver com Cecília e seus amigos, que me vi envolta, também, pelo mistério em torno da Revel, dando-me conta, mais e mais no decorrer da leitura, do quão bem desenvolvida foi toda a trama de Ana Luísa, do quão bem ela interligou cada mínimo detalhe, deixando-me realmente perplexa à conclusão da leitura. Tive certas suspeitas sobre as identidades de alguns integrantes de todo o conflito entre seitas, mas não deixei de me surpreender e de ficar boba logo que as respostas principais foram esclarecidas e os motivos por trás de cada uma delas devidamente explicados, de uma forma que mesmo atenta a cada palavra, fui impactada e tomada por um misto de emoções tão intensas que, de tão presa à leitura, fui concluí-la às quase 04h da manhã, com um saldo mais do que positivo de leitura.

Assim, o primeiro livro da duologia Segredos, Querido Desconhecido, de Ana Luísa Ricardo, apresenta-se e envolve de tal maneira que já estou mais do que ansiosa pelo segundo e último livro, ainda que dividida pela despedida iminente desses personagens que, cada um a seu modo, cativaram-me tanto e pelos quais torci além do esperado, tornando-se, por fim, um dos meus favoritos do ano, com sérios riscos de vir a emplacar entre os melhores de 2016 no fim das contas.

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7 Comentários

  1. Oi lindona
    Oi não conhecia essa duologia e pelas suas impressões do primeiro livro ei fiquei curiosa para ler. Acho muito gostoso quando os personagens nos tocam dessa maneira, de forma que ficamos sentindo falta deles. Gostei dos toques de mistério e acho que o segundo livro vai ser ainda melhor, pelo que pude perceber. Só não curti a capa, achei simples e bonita mas acho que poderia ser melhor.

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  2. Oi Sâmella, tudo bem?
    Primeiro, gostei da capa do livro, simples, porém delicada. É interessante o fato de a personagem escrever cartas para ninguém, acho que é algo que todos devíamos fazer como uma forma de desabafar ou nos conhecer melhor. A primeira vista não me passaria pela cabeça o fato de abordar seitas criminosas e vingativas. Quando falaste do Ômega me lembrou dos livros da irmandade da adaga negra que também tem um ômega, de uma seita e se chama O. Gostei da sua resenha, você colocou seu ponto de vista, até me deixou um pouco curiosa com o mistério e suspense envolvendo as seitas. Quem sabe eu leia o livro.
    Beijos

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  3. Arrasou na resenha, Sammy!
    Menina, quando comecei a ler a sinopse me veio na hora o pesamento: Cecília é louca! Nunca na vida que eu iria responder a uma carta anônima. Imagine então receber uma resposta?
    Gostei da proposta do livro e, realmente, o que me chamou atenção foi o mistério que o livro apresenta. Sou fascinada por histórias com essa pegada de suspense, geralmente atiçam minha curiosidade de tal forma que não quero parar de ler.
    Gostei da dica, com certeza irei ler se tiver oportunidade. :)
    Beijos
    Coisas de Meninas

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  4. Sammy!
    Toda vez que venho ler suas resenhas, eu saio daqui com uma vontade enorme de procurar mais sobre os livros e lê-los! Esse foi mais um livro que eu não conhecia, mas só de saber sobre todo o mistério que envolve a trama, eu fiquei super curiosa! Gosto de livros que nos fazem duvidar e (des)acreditar nos personagens, e pelo o que percebi, é o que acontece - e bastante - nessa obra. Já estou indo procurar mais infos de vendas sobre ela...

    PS: Adorei o nome da personagem! Eu amo o nome Cecilia, e se um dia eu tiver uma filha, é assim que ela irá se chamar :')

    Beijinhos
    www.procurei-em-sonhos.com

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  5. Oi Sammy!

    Primeiro só gostaria de dizer que essa "técnica" de escrever cartas para ninguém em específico (ou até mesmo para alguém) funciona demais. Sabe quando a gente tem vontade de falar um monte de coisas e não sabe como? Pois então.

    Assim, não sei se eu gostaria muito bem de o enredo envolver essas seitas. Sei lá, me parece que isso foi inserido na história pra tapar um buraco, por mais que você fale que a trama foi super bem desenvolvida. Num sou muito boa pra falar porque histórias com mistérios não me interessam muito, então... Espero que eu esteja errada, né?

    Mas olha, pra você falar que o livro provavelmente vai entrar para os tops de 2016 (e ainda estamos em março!), ele deve ser bem bom mesmo. A capa é linda, mas de verdade, não me interessa muito.

    Beijo!
    http://www.roendolivros.com/

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  6. Sammy, eu acho suas resenhas incríveis, viu? Sério mesmo. São sempre bem escritas e cheia de sentimentos, parabéns!
    Eu não conhecia essa duologia, mas depois de ler tudo o que você achou da trama é impossível não querer ler. Eu achei incrível essa troca de cartas e o mistério de quem é O. Fiquei muito empolgada mesmo para fazer a leitura. Achei essa capa muito bonita. Assim que tiver oportunidade estarei conhecendo a história da autora.
    beijos
    www.apenasumvicio.com

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  7. Oi Samêlla!
    Bom, no meu caso, o que me interessaria de verdade no livro é justamente a parte das seitas, ao contrário de você. O drama todo da Cecília e suas dúvidas já não me chama tanto a atenção por eu nãogostar muito dessa abordagem.As cartas que ela troca são sempre com a mesma pessoa? N
    Num todo achei o livro interessante, mas não é um que eu tenha ficado desespetada pra ler no momento.

    beijos

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