Título: Picta Mundi;
Autor(a): Gleice Couto;
Editora: (Publicação Independente);
Número de Páginas: 284;
Ano de Lançamento: 2014;
Livro no Skoob


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A vida da jovem Letícia virou de cabeça pra baixo após a morte de Raul, seu pai. Até mesmo o colégio onde estuda, o renomado Dippel – um reduto de jovens prodígios, perdeu a pouca graça que tinha. Mas as coisas começam a mudar quando descobre que o desaparecimento de Felipe, o aluno mais promissor do colégio, e a morte de Raul poderiam estar interligados. Daniel, irmão de Felipe, afirma que Raul pode estar vivo, mas, assim como seu irmão, preso em um mundo paralelo dentro de quadros, Picta Mundi. Ao que tudo indica, porém, Raul desaparecera ao procurar os objetos mágicos que os libertariam daquele universo. Agora, somente Letícia pode ajudá-los. Para isso, terá que entrar em Pdeicta Mundi e, junto com Felipe, procurar por seu pai e reunir os itens mágicos. A tarefa não será nada fácil. Em meio a várias aventuras em quadros que retratam momentos da história do Brasil, como os bailes de máscara do início do século XX ou uma aldeia de índios tupinambás no século XVI, eles terão seus conhecimentos e coragem testados em enigmas, passagens secretas, e confrontos com seres perigosos, liderados pelo maligno Donato, que também está atrás dos itens mágicos, mas com o objetivo de usá-los para o mal: dominar Picta Mundi.

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Minha Opinião:

A vida de Letícia tem sido complicada desde a morte de Raul, seu pai, com quem sempre tivera uma relação muito forte. Por causa disso, tem sido ainda mais difícil manter-se no renomado Dippel, colégio onde seu pai estudara quando mais jovem e o orgulho educacional da região; Letícia, porém, não compartilha da mesma animação pelo colégio, e acaba por meter-se em diversas encrencas. A mais recente delas a deixou por um fio no colégio, mas antes que sua situação possa piorar, ela é abordada por Daniel sobre o desaparecimento do irmão do rapaz, Felipe, e sua suposta relação com a 'morte' de Raul. E eis que ela irá se deparar com a existência de Picta Mundi, um mundo paralelo em quadros, que, no entanto, também estão sob perigo de dominação de Donato, que almeja conseguir unir os itens mágicos que criaram Picta Mundi. Mas uma vez existente a possibilidade de seu pai estar vivo, Letícia terá de unir-se à Felipe e, juntos, explorar e encontrar Raul e os itens antes que Donato os ache e ponha, não apenas aquela realidade paralela que ela recém-conheceu, como até mesmo o mundo inteiro a perder.

Em seu livro de estreia, Gleice Couto nos presenteia com uma narrativa direta e descontraída em meio ao universo de Picta Mundi e seus personagens, passando pelas mais distintas épocas e cenários, desde bailes do século XX até aldeias de índios tupinambas no século XVI. Alternando pontos de vistas entre Letícia e Donato, temos uma visão completa do enredo e de seu desenvolvimento por entre a verdadeira corrida contra o tempo que é encontrar os itens mágicos para o escape de Picta Mundi, mas nada será fácil, portanto, atenção e cautela ao adentrar à esse mundo pra lá de imprevisível mas não menos fascinante.

“Com um objetivo em mente, sentia-se melhor. Resgatar seu pai. Sair de Picta Mundi.
Engraçado. Como sempre, a teoria parecia mais fácil do que a prática.”

Com uma narração em terceira pessoa, somos facilmente introduzidos no enredo e, aos poucos, conhecendo a fundo cada um dos personagens mais principais. O primeiro a ser apresentado na trama, Donato, encarrega-se da então 'missão' deixada por seu criador, um dos dois responsáveis pela criação geral de Picta Mundi, e é nesse primeiro contato que sabemos como a postura antagônica do personagem começou. Em seguida, passamos a conhecer Letícia, nossa protagonista pré-adolescente, então dona de uma personalidade geniosa, audaciosa e um tanto quanto teimosa, já na antessala da diretora, aguardando sua vez de fazer mais uma 'visita' nada cortês ao gabinete da mulher, após se meter em sua mais recente e arriscada encrenca.

Foi nesse ponto, mesmo com tão pouco de leitura até então, afinal, ainda era o primeiro capítulo, que já dei as primeiras risadas com o livro, graças ao jeito despreocupado e respostas rápidas e visivelmente ácidas de Letícia para com Daniel, e quando prosseguimos com a leitura, ela só reafirma ainda mais sua postura meio irritadiça, teimosa e impaciente da personagem, o que pode acabar rendendo irritação para alguns leitores também pela sua impulsividade e orgulho em certos momentos, mas a verdade foi que muito me identifiquei com ela, não pela postura como um todo, rs, mas simplesmente por procurar ser ela mesma sem querer agradar a ninguém, ainda que isso não signifique, porém, que ela não se importe com aqueles que ama e queira vê-los bem tanto quanto a si mesma. Por isso, apesar da personalidade forte, foi inevitável não simpatizar com a personagem e envolver-me ainda mais a leitura, enquanto torcia fortemente por sua jornada.

E falando em jornada, é claro que ela não está sozinha nesse mundo incrível e intrínseco que é Picta Mundi. Felipe, então irmão há muito desaparecido de Daniel, também se encontra por lá, e acaba levantando a possibilidade do pai da garota também estar vivo, mas igualmente perdido por entre aquele universo paralelo. Quando estava no Dippel, Felipe era conhecido por integrar o grupo dos populares, mas naquele novo ambiente compartilhando apenas a companhia de Letícia, ele se permite usar seus óculos e ser um garoto comum como os demais, mas igualmente dotado de uma inteligência que por diversas vezes entra em conflito com a da garota. Apesar da inicial tensão entre eles, Felipe faz de tudo para aproximar-se o mais amigavelmente de Letícia, muito embora não perca sua sagacidade e bom humor naturais, que cativou-me da mesma forma que Letícia, por atuarem ambos de uma forma tão natural e autêntica no enredo, agindo como era preciso na situação em que se encontravam e sem dar margem ao leitor para subestimá-los mesmo com a pouca idade. É por entre essa colaboração de ambos que percebemos, aos poucos, um sentimento surgir e dá-se início a um delicado romance, mas não menos meigo e leve, que apesar de não ter sido o grande foco, muito me envolveu e foi, na minha opinião, desenvolvido na medida certa dentro da história como um todo.

“Não queria admitir em voz alta, mas a verdade era que sentia medo. Não tinham um plano estruturado, tudo poderia dar errado. Contavam apenas com a sorte e seus cérebros. Tudo sempre fora tão lógico em sua vida, sempre racional. E aí, apareceu Felipe e Picta Mundi, deixando suas convicções de cabeça para baixo.”

O arremate da obra só fica por conta, por fim, de tamanha desenvoltura e agilidade da autora em retratar períodos históricos do Brasil de uma forma tão descontraída, como uma verdadeira aula de história repleta de enigmas a serem decifrados pelos personagens, que me envolveram ainda mais e me prenderam à leitura de tal forma que ao fim de um capítulo eu já emendava no próximo para descobrir seu desenrolar. Tiveram, sim, poucos momentos em que a história tomou uma narração um pouco mais lenta, mas nada cansativa, portanto, fui me envolvendo cada vez mais a tudo e sofrendo junto com os protagonistas à medida que Donato intervia ainda mais em seu caminho e começava a mostrar-se ainda mais impiedoso e vingativo a cada momento protagonizado por ele. Mais um ponto para Gleice, por criar um personagem tão calculista e estratégico que mesmo por entre sua vilania, não pude deixar de sentir certa - e curta, na verdade - pena por tamanha influência negativa sofrida por ele pelo seu próprio 'mestre', no passado.

Assim, Picta Mundi conclui-se como uma feliz e surpreendente estreia literária que apresenta cenários diversos por entre quadros que certamente vai prender muitos jovens e adultos na leitura, além de apresentar um grupo de personagens, tanto protagonistas como secundários, cativantes e naturais com os quais todos podem se identificar. Foi impossível não sentir o gosto de 'quero mais' ao fim da leitura, ainda que o sentimento de conclusão do enredo presente no livro tenha, sim, sido real e a história não tenha deixado quaisquer pontas soltas. Mais uma indicação de fantasia infanto-juvenil nacional imperdível! ;)

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12 Comentários

  1. Oiii Sammy, tudo bem?
    Quando eu li o nome do livro achei bem estranho e diferente do comum. E então, fui realizar a leitura da sua resenha e me encantei completamente pela obra, gosto deste mistério todo e envolvimento dos personagens com desaparecimento. Isso me deixa bem louquinha para ler :o sua resenha ficou maravilhosa. E depois disso, quero ler para ontem!
    Beijão

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  2. Oie...
    Não conhecia o livro, mas, fiquei impressionada com tudo que você relatou sobre a leitura... O livro parece ser realmente bom e o fato da mescla de periodos históricos do Brasil só enriquece ainda mais o enredo.
    Bjo

    http://coisasdediane.blogspot.com.br/

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  3. Conheço a Gleice do Booktuber, vi o Victor Almeida do Geek Freak falando sobre o livro, mas não havia me interessado pelo fato de nunca ter procurado outras resenhas. A sua deixou bem claro que o livro tem uma história muito boa, mas eu tenho a impressão de que não me daria muito bem com a Leticia kkkkk Achei interessante esse universo do Picta Mundi que você demonstrou na sua resenha, talvez eu tente ler o livro mais pra frente.
    www.belapsicose.com

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  4. Oi Sâmella!

    Acredito que compramos Picta Mundi na mesma época, quando a autora lançou a pré-venda, mas ainda não tive a oportunidade de ler, também, tantos livros, que fica dificil ir pegando alguns que estão mais recentes na estante, mesmo que no caso desse já tenha completado um tempinho. Enfim, ainda não tinha lido uma resenha de Picta Mundi, na verdade fiquei com receio de ler as que vinham saindo, mas como confio na sua opinião, tenho que dizer que fiquei louca para tirar o exemplar da estante o quanto antes! Afinal, Picta Mundi parece ser uma aventura tão incrível e digna de nota, que eu preciso ler! Desse ano não passa com certeza!

    Da Imaginação à Escrita

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  5. Oi Sâmella!
    Achei interessante a história não focar somente em Letícia mas também em Donato, que é o vilão da história né. Nem sempre um livro nos traz essas duas visões. Ser narrado em terceira pessoa acho que é ótimo, pelo menos pra mim, que não sou muito fã de narrativas feitas por pré-adolescentes/adolescentes.A história é bem diferente de tudo que já vi e achei-a muito interessante. Com certeza eu leria.
    beijos

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  6. Oie, Sâmella! O livro da Gleice está na minha lista, mas sempre que eu pretendo comprar algo acontece. Mas eu não desisto! kkk Vou comprá-lo e devorar cada página, pois essa premissa de um mundo através dos quadros muito me interessa e resenhas positivas como a sua sempre aumentam minha curiosidade. Sem contar que protagonistas como a Letícia são muito divertidos!
    Enfim, beijinhos!
    Anna - Letras & Versos

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  7. Oi Sammy!

    Eu adoro o canal da Gleice e já tinha visto ela divulgando o livro e o Victor do Geek Freak falando bem horrores dele, como não ficar curiosa? Acho que nunca li nenhum livro que tem um mundo paralelo, deve ser uma coisa no mínimo inusitada. Acho que eu daria certo com a Letícia, também tenho dessa de ser eu mesma e num ligar para que os outros falam, sem contar que qualquer coisinha me deixa irritada também. Mas teve uma coisa que eu não entendi muito bem, a Letícia fica presa no Picta Mundi ou ela pode ir e voltar para o mundo real sempre que quiser? E eu tô curiosa para conhecer o Donato viu, parece ser aquele tipo de vilão que pode fazer todas as ruindades do mundo que a gente não consegue odiar.

    Beijo!
    http://www.roendolivros.com/

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  8. Oiii!!

    Eu não conhecia essa autora e confesso que essa capa não me atraiu em nada. A autora poderia ter caprichado um pouquinho mais.
    Já o enredo parece ser bem rico! Gostei de saber que é leve com partes divertidas e muito bem escrito. Quem não gosta né? Outra coisa legal é saber que dá pra ter uma aula de história enquanto lê. Eu mesmo aprendo mais assim do que em aulas mesmo.
    Gostei muuuuito da resenha!


    Beijinhos

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  9. Olá Sâmella, tudo bem?

    Eu acompanhei por algum tempo o canal da Gleice, mas depois acabei deixando de lado, principalmente quando criei o meu cantinho.

    Não vi muita coisa sobre a publicação de Picta Mundi, então só estou descobrindo com as poucas resenhas que ando vendo. Infelizmente ele não faz meu estilo de leitura, então deixarei para uma próxima. Mas indicarei ele à uma de minhas colunistas, rs.

    Beijos

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  10. Oiee ^^
    Ainda não conhecia esse livro, mas como eu estou mais na onda dos livros dramáticos e mais realistas no momento, acho que não o leria por ora. Mas achei interessante essa coisa de os personagens estarem em busca de objetos mágicos, parece ser uma aventura e tanto, e achei a premissa interessante pelo fato de a história não acontecer só em um lugar, e eu gosto bastante de livros com uma pegada histórica ♥
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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  11. Olá, Sâmella!
    Gostei muito de sua resenha, super completa e detalhada. Apesar de fantasia não ser meu gênero preferido, a história ganhou meu interesse quando você fala do tom de mistério que ele carrega (desaparecimento, morte, procura), além do bom humor em algumas partes do livro.
    Gosto muito quando o autor dá vida também aos personagens secundários da história.
    Esse mundo paralelo dos quadros também me parece uma grande viagem pela história do Brasil, o que me pareceu muito interessante!
    Parabéns por prestigiar autores brasileiros!
    Valeu a dica!

    Beijos!

    Karla Samira
    http://pacoteliterario.blogspot.com.br/

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  12. Oieeee
    Tudo bom?
    Eu adoro fantasia e acho que a autora trouxe uma abordagem diferente e interessante nesse livro e adoro saber o ponto de vista dos personagens principais, torna a história mais interessante.
    Amei sua resenha, está bem instigante.
    Beijos

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