Título: O Último Homem do Mundo;
Autor(a): Tais Cortez;
Editora: LER [segunda edição];
Número de Páginas: 224;
Ano de Lançamento: 2014 [segunda edição].
Livro no Skoob


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Amanda é uma garota rebelde e problemática. Filha de Patrícia Oliveira, uma atriz mundialmente famosa, ela se ressente do comportamento da mãe, que trabalha demais e dedica seu pouco tempo livre para namorar. Depois de ser expulsa dos três últimos colégios, Amanda é matriculada contra sua vontade no Educação de Elite, o colégio interno mais renomado do país, onde apenas os filhos da elite nacional estudam. Determinada a conseguir mais uma expulsão, ela é capaz das maiores loucuras, mas seus planos acabam sendo frustrados por suas colegas de quarto, por uma inspetora intrometida e um diretor paciente. Lá ela também conhece Ricardo, o garoto mais popular e mulherengo do colégio. A atração entre eles é imediata, mas isso não impede que se odeiem ferozmente e que façam de tudo para prejudicar um ao outro. No entanto, o destino os forçará a unirem forças por um bem maior, e Amanda perceberá que, às vezes, o último homem do mundo de sua consciência pode ser justamente aquele que seu coração decide escolher.

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Minha Opinião:

Amanda Oliveira é o que podemos chamar de garota rebelde. Fugindo de todo glamour e holofotes derivados do fato de ser filha de uma famosa atriz, Patrícia Oliveira, ela leva a vida sendo a garota teimosa e orgulhosa que vem sendo. Sua mãe já não aguenta mais tentar colocar a filha nos eixos - muito embora não perceba que tudo isso só acontece pela a ausência dela na vida da garota. Então, após ser expulsa de três colégios seguidos nos últimos três anos, Amanda acaba por ser mandada, contra sua vontade, para um colégio interno, reconhecido como o melhor do país, onde só a elite rica do país estuda. Antes mesmo de adentar ao lugar, ela já começa a maquinar uma forma para ser expulsa, mas ao contrário dos colégios anteriores, suas tentativas poderão ir por água abaixo ao se deparar com amizades reais que há muito tempo ela não tinha, e um grupo particular de estudantes populares que adora provocá-la - e vice-versa. Através de uma estabilização forçada e inusitada, Amanda terá tempo para reconhecer a dimensão de seus atos de rebeldia, dar-se uma chance a fazer amigos, e se acertar com a própria mãe - e quem sabe, mesmo depois de tudo isso, ainda haja espaço para o amor, também...

A história como um todo é bem proposta e bem desenvolvida. Tais Cortez foi certeira com as cenas, sem introduzir nada que fosse desnecessário, e no qual cada cena contribui para o andamento da história. A narrativa se segue em primeira pessoa, em bons momentos de descontração e alguns comentários irônicos por parte de Amanda, que assume uma postura muito segura de si mesma. Os acontecimentos se desenvolvem com uma certa rapidez, no entanto, sem exageros, e conseguimos acompanhar bem o enredo e, a cada capítulo terminado, só queremos continuar a leitura e saber onde tudo vai dar. É uma história visivelmente clichê, mas que, devido a forma como foi desenvolvida, se mantém em um ritmo ótimo de leitura e envolve o leitor na medida certa.

“— Eu odeio você!
— A recíproca é verdadeira.”

Agora, mais especificamente sobre os personagens, temos uma gama particularmente distinta de personalidades, desde os mais conflituosos, como Amanda e Ricardo, e os mais sensíveis, como Maíra e Paulina. Amanda por si só é retratada como uma espécie de garota problema, mas o que ninguém percebe é que tudo isso é fruto da ausência da mãe em sua vida, então ela acabar por tentar revidar os anos de ausência com o mal comportamento. Apesar de ter me irritado profundamente com ela por simplesmente recursar-se a conversar com a mãe e expor o que ela sentia, é notável a sua real insegurança e a verdade, no fim das contas, é que toda a postura rebelde está ali apenas para esconder seus temores e sua sensibilidade, mas uma vez que ela percebe-se lidando com situações, pessoas e emoções visivelmente novas e mais intensas, ela vê que, dessa vez, as coisas podem não se desenrolar como ela espera.

E é mais ou menos nessa base de personalidade que nos deparamos com Ricardo, que aparece na vida da protagonista como um dos seus vilões particulares no colégio, por assim dizer, mas que, da mesma forma que ela, sofre com a ausência de ambos os pais, embora que de modos um poucos diferentes, mas, em suma, provocando um muro que torna os sentimentos, pensamentos e receios do rapaz, algo inacessível para todas as outras pessoas. A diferença é que, ao contrário de Amanda, ele esconde seu eu verdadeiro com uma fama barata de mulherengo e com um visível descontrole nas bebidas. Eles são, sem sombra de dúvidas, personagens muito diferentes em personalidade, e isso fica ainda mais claro com a inicial inimizade que nutrem um pelo o outro, mas, ao mesmo tempo, percebemos o quão eles são muito parecidos quanto as suas dúvidas interiores. Separados, são como duas explosões em pontos distintos do plano, mas juntos, se completam como uma chama de esperança um para o outro, resultando em um romance um tanto quanto inesperado, mas igualmente delicado e singelo.

“Não havia outra palavra senão “amor” para definir a intensidade do que sentia. Parecia ironia que o último homem do mundo havia se tornado, sem que eu soubesse exatamente onde, como e quando, o único homem que eu queria.”

Enquanto acompanhamos os passos de Amanda, conhecemos personagens variados, que são capazes de ganhar nossa simpatia e outros que mais queremos dar uns bons tapas. Os protagonistas, claro, ficam entre essas duas reações, embora que em um sentido mais positivo, por assim dizer, mas então conhecemos Maíra, Paulina, Alexandre, Mariana e Paulo. Os três primeiros totalmente ganharam a minha simpatia; elas, por serem as responsáveis por proporcionar uma amizade verdadeira para a nossa protagonista, e ele, por ser simplesmente um dos melhores diretores fictícios que já vi! Amanda deu muito trabalho no início, mas o fato de ele não ter desistido dela sem mais nem menos e por ter usado tão bem do artifício do diálogo, para se aproximar de quem a Amanda realmente era, fizeram dele um ótimo personagem e com uma presença muito positiva, apesar de aparecer em apenas algumas cenas. Já os outros dois, esses sim complicaram a vida da personagem, mas principalmente a Mariana, então namorada de Ricardo que, apesar de ser realmente próxima dele e se preocupar com ele, não era nenhuma flor de que se quisesse aproximação - o que é meio inacreditável, porque ela é filha do Alexandre, mas, bem, percebemos então que muitos filhos podem ser o oposto de seus pais, rs.

No geral, temos uma leitura leve e bem humorada até, centralizando o típico universo adolescente, recheado de inseguranças, dúvidas e anseios para consigo mesmo e o mundo. A autora conduz a trama de uma forma muito agradável, permitindo-nos acompanhar as situações de uma forma tão natural como se estivéssemos assistindo a um filme ou mesmo vivenciando todos os acontecimentos. Os únicos pontos que ressalto, porém, que não me agradaram muito, foi a forma como a autora abordou um dos tópicos de caridade no livro. Não a abordagem em si, e eu também achei muito válido a apresentação e discussão de uma realidade tão triste para muitas pessoas, mas o modo como ela foi abordada me soou um pouco... vago. A personagem estava determinada a ajudar a fazer uma pequena diferença e isso foi ótimo, mas toda a questão se desenvolveu de uma forma muito vaga e achei que a autora ainda podia tê-la explorado melhor, e lhe dado um desfecho mais significativo. Falando, então, em desfecho, a segunda coisa que me incomodou um pouco foi o final um tanto quanto abrupto. Apesar de não deixar quaisquer pontas soltas, apenas senti falta de uma finalização mais concreta como um todo, porque de repente ele se finalizou rápido demais. Mas, apesar disso, foi uma leitura muito agradável, que eu simplesmente devorei e que certamente recomendo para todos.

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2 Comentários

  1. Oiii, Sâmella
    Adoreiiii a resenha!!!
    E admito que fiquei surpresa, porque você escreve muitoooo bem!!!!
    Adorei seus comentários sobre o enredo, personagens, e principalmente sobre Alexandre.
    Ele realmente é um exemplo a ser seguido por todos os educadores! rss
    Fico muito feliz q tenha gostado e q tenha sido uma leitura muito agradável!
    Bjss e sucesso ao blog!

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  2. Oiii! eu amo muito tudo que você escreve em seu blog,você é uma garota muito inteligente e criativa,eu me identifico muito com suas postagens! amo os livros que você coloca! Parabéns :)

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