Título: Mocassins & All Stars;
Autor(a): Clara Savelli;
Editora: Com-Arte;
Número de Páginas: 456;
Ano de Lançamento: 2014.
Livro no Skoob


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Depois da morte de seu pai, Julie e sua mãe deixam a movimentada Nova York e se mudam para Monterey, lar da avó materna que ela ainda não tinha tido a chance de conhecer. Ela frequenta as aulas no colégio mais caro e puxado da cidade. Pra não comentar sobre os estudantes preconceituosos e superficiais. Aos poucos arruma grandes amigos, mas infelizmente o pacote vem com alguns inimigos. Tudo culpa de Arthur, que coloca Julie em furadas desde o dia que ela coloca os pés na escola. Entre mistérios, brigas e romances, Julie descobre algo sobre sua avó que muda o rumo de todas coisas. E tudo que ela queria era terminar o ensino médio e comprar uma moto. Mas a vida não poderia facilitar tudo pra ela, poderia? 

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Minha Opinião:

Julie Kremman sempre teve uma relação muito forte com o pai - mais até do que com a mãe, com quem admitia não saber conversar por tanto tempo como fazia com o pai. Juntos, eles não são apenas pai e filha, mas amigos, irmãos, e Julie tinha a segurança de que sempre poderia contar com ele para tudo. No entanto, a morte inesperada dele, sem direito à maiores despedidas, arrasou a pequena família da garota, e fora então obrigada a mudar-se com a mãe de Nova York para Monterey, na Califórnia, na então companhia de uma avó que só agora viria a conhecer. E como se tudo já não fosse suficientemente estressante e, ainda, angustiante, a garota tem de se deparar com uma nova escola, com novos colegas, e, em geral, um novo mundo, no qual o comando está sob os adolescentes ricos do lugar. Fazendo amizades aos poucos, com uma carga extra de inimigos e um romance totalmente inesperado, ela só não esperava que a avó guardasse um segredo que, ah, sim, faria sua vida, recém-estabilizada, virar-se do avesso novamente.

No livro de Clara Savelli, embarcamos no universo adolescente sob a perspectiva de uma garota que ainda luta para superar a perda do pai, a quem tanto amava, a aturar a contínua ausência da mãe, o conhecimento de uma avó que ela até então desconhecia, e, principalmente, a adaptação a uma vida e pessoas completamente novas. No fundo, tudo o que Julie Kreeman mais queria no momento era poder recostar-se em sua bolha particular, distante do mundo, mas não é isso que seus novos amigos querem que ela faça, e em uma narrativa leve e divertida, que flui com a maior facilidade, acompanhamos o desenrolar da nova vida de Julie e todo o seu processo de aceitação da perda e da chegada da hora de, enfim, seguir em frente com sua vida.

“- Como assim não tem certeza se quer saber o que é? Nós temos que descobrir o que é.
- E se não for uma coisa boa?
- Acho que é bastante óbvio que não é uma coisa boa.
- Então por que você quer descobrir o que é?
- Eu prefiro descobrir antes que essa coisa nos descubra.” 

Conheci o livro, felizmente, graças aos compartilhamentos e elogios tecidos pela Larissa Siriani no Facebook, pois, para quem não sabe, Mocassins & All Stars foi parte dos tempos do já extinto Orkut, em publicação continua em uma comunidade. E, muitos anos depois, a história lida e adorada por diversos leitores da rede social veio a ter sua versão impressa, esse ano. E depois de ter me deliciado com essa história tão meiga e dinâmica do universo adolescente, nem sei direito por onde começar a falar nessa resenha, pois a verdade é que, quando somos surpreendidos além da conta com um livro, nem todas as palavras do mundo conseguem expressar realmente a experiência da leitura, e esse é totalmente o caso de Mocassins & All Stars.

Acontece que, nesse livro, nos deparamos não apenas com uma história muito bem formulada e desenvolvida, mas com personagens realmente marcantes. Fugindo aos poucos dos estereótipos de alguns livros nos quais o enfoque é o universo adolescente, aqui temos personagens cuja identificação é quase que imediatada, com vidas rotineiras ou simplesmente comuns, com defeitos e qualidades sempre presentes no livro, e com erros e acertos pela frente, na vida. Nossa protagonista, em especial, é uma garota quase adulta que, meses após a morte do pai, ainda encontra-se abalada pela perda daquele que era o seu companheiro constante, e a iminente adaptação em uma vida totalmente nova em uma cidade nova deixam seu humor instável logo no início. Lutando para aceitar a nova residência, enfrenta um primeiro dia de aula conturbado e ainda mais catastrófico do que ela poderia esperar, embora novas amizades comecem a despontar desde o primeiro momento. A primeira, claro, é Arthur Torrez, popular do colégio e então capitão do time de basquete, que ao elogiar os all stars da garota em um primeiro momento, acaba por ser mal interpretado e logo mais se segue uma relação confusa e cheia de idas e vindas por parte de ambos.

“- Você venceu todos os momentos difíceis. – ele apoiou uma mão no meu ombro. – Só que você criou uma casca em volta de você. Você não quer baixar sua guarda de jeito nenhum. Sei lá, às vezes eu acho que você não quer ser feliz de novo. Parece que você precisa de um pouco de drama na sua vida para conseguir seguir em frente.”

No início, são muitos os momentos em que Julie deixa claro seus pensamentos errôneos sobre o rapaz, que ao contrário do que ela espera de um popular, é apenas muito querido pelos estudantes do colégio e amigos mais próximos, sendo seu único defeito, ou problema mesmo, o fato de ter namorado Bárbara Adler, também conhecida como a patricinha mais temida e metida do colégio, que está disposta a reatar com o rapaz, muito embora ele não a queira mais dessa forma, uma vez que quer se aproximar de Julie, que definitivamente lhe encantou. Ele é meio que aquele estereótipo de príncipe adolescente, mas sem exageros, e passando uma sensação palpável de sinceridade com sua personalidade. Realmente, o colégio inteiro tem motivos para gostar tanto dele, por sua natureza calma e gentil. Com Bárbara no caminho, porém, ele vai demorar a estabelecer uma relação com Julie. Mas, nesse caso, diferentemente de muitas outras protagonistas, felizmente, Julie não pretende ceder a quaisquer intrigas da patricinha, sobressaindo-se dela aos poucos e conquistando seu espaço no colégio.

E, à respeito disso, se teve algo que eu particularmente adorei no livro, foi justamente a amizade desenvolvida entre os personagens principais. Julie certamente teve sorte ao deparar-se com amizades que, por mais que um tanto distintas, se mostraram verdadeiras durante todo o livro. Leah, com seu jeito radical e alto-astral de ser, agitou o ânimo de nossa protagonista em muitos momentos, e inseriu-a rapidamente em seu grupo de amigos, que, basicamente, se resume ao time de basquete do colégio, dentre os quais está Jack, seu namorado. Nesse mesmo meio de amigos surge David, jogador e melhor amigo de Arthur, que logo ocupa o posto de melhor amigo com Julie também, ressaltando, mais uma vez, que garotos e garotas podem, sim, serem amigos de verdade, sem segundas intenções. Depois de Arthur, o David foi o meu personagem preferido do livro, pelo seu jeito meigo e cativante de ser, sendo um verdadeiro porto-seguro para Julie em alguns momentos por, inclusive, compreender a dor da perda dela, uma vez que ele também perdeu a mãe, quando pequeno.

“Não importa o quão ruim uma situação está. Você sempre pode começar tudo de novo. Renovar as esperanças nos outros, no mundo, em si mesmo.”

Algumas surpresas, também, são decorrentes e bem-vindas no decorrer do enredo, como a participação de Jeremy Black. Ex-amigo de Arthur e então capitão do time rival do colégio de Julie no basquete, a primeira impressão que temos dele é de um verdadeiro bad boy, mas aos poucos, porém, no decorrer de sua aproximação com Julie, conhecemos o Jeremy de verdade, que por trás da expressão de bad boy, esconde um rapaz gentil e amigo que, da mesma forma, desenvolve uma grande amizade com ela. Até então, por si só o livro já que me conquistaria, mas o romance definitivamente me ganhou e eu me apaixonei por Arthur da mesma forma que Julie. Aos poucos, ele consegue romper com a ideia que ela tem sobre ele, e, depois de ganhar o posto de amigo, a relação deles acaba crescendo e se fortalecendo. Esse, inclusive, foi outro detalhe que eu gostei no livro. Não temos um romance inteiramente perfeito. Os altos e baixos enfrentados pelo casal são contínuos, ainda mais com o segredo que a avó de Julie esconde, o que deixa tudo ainda mais instável, mas isso, de certa forma, ajuda a fortalecer ainda mais o amor que ambos sentem um pelo o outro. Acompanhamos uma relação com confiança, companheirismo, amor e dedicação que, sem dúvidas, era o que faltava na vida desses dois personagens.

A própria Julie, por outro lado, é uma garota comum, que em meio a uma vida completamente nova e que, com as novas relações, começa se mostrar algo melhor do que ela esperava, aos poucos vai deixando o luto de lado e preenchendo o próprio coração com a sinceridade do amor que ela realmente recebe daqueles que estão ao seu redor. Por mais que em alguns momentos ela tenha tomado certas atitudes que me deixaram furiosa, algumas vezes por terem sido reações um pouco impulsivas e radicais, ainda assim, percebo que ela precisou tomar certos tombos e trilhar caminhos inesperados para, enfim, conseguir deixar o passado para trás e seguir definitivamente em frente. Acompanhamos seu amadurecimento ao longo do livro, e isso foi um ponto imensamente positivo, favorecendo-a ainda mais como protagonista.

“Essa ideia de que as coisas boas vão simplesmente acontecer, cair do céu... isso não existe. O amor não é cor de rosa. O amor é vermelho, cor de sangue, cor de luta, cor de coragem.”

E, bem, depois dessa resenha imensa - e, por favor, desculpem-me por isso, mas não teve chance de resumir meus comentários sobre esse livro -, só posso concluir, caso você ainda não tenha percebido, que essa é uma leitura simplesmente imperdível, para todos aqueles que gostam de romance, para todos aqueles que gostam de histórias no universo adolescente, mas, acima de tudo, para todos aqueles que gostam de uma boa história sobre amadurecimento e o que são relações verdadeiras. Clara Savelli, com sua escrita e seus personagens cativantes e intensos, nos seduz e encanta com uma história que, definitivamente, é lugar garantido na listinha de favoritos, e depois daquele desfecho maravilhoso, sem deixar nenhuma ponta solta, mas um enorme sorriso de satisfação, orgulho no rosto do leitor, só posso dizer que amei essa leitura e que virei fã da Clara. Mais um livro para o top 10 de melhores leituras de 2014 - o que, em parte, complica minha situação, já que a lista está crescendo, mas isso também não deixa de ser incrível! Obrigada a você que leu essa resenha até o final e desculpe-me, novamente, pelo tamanho dela, mas eu me empolguei e isso é apenas parte dos elogios que tenho a fazer sobre Mocassins e All Stars. Pode ir garantir seu exemplar do livro com a Clara porque, sem brincadeira, essa é uma leitura mais do que recomendada.

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11 Comentários

  1. Olá,
    Fiquei super interessada em conhecer a fundo a obra pelo fato de mostrar a relação entre pai e filha próximos e depois essa dolorosa separação.
    A premissa é bem interessante e quero saber o quão catastrófico foi o primeiro dia de aula de Julie e as trapalhadas de seu amigo que só a colocava em furadas.

    http://leitoradescontrolada.blogspot.com.br/

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  2. Oi, menina, que resenha é essa? Muita bem feita, meus parabéns. A premissa do livro me chamou a atenção e quando li sua resenha me senti envolvida com os personagens e com a historia, que não parece ser só mais um romance adolescente como todos os outros, mas parece ter substancia, e isso atraiu minha atenção e fiquei curiosa para conhecer a historia e ler o livro. Dica anotada.
    bjus

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  3. Bem detalhista, sua resenha. Fiquei querendo conhecer mais sobre a Julie, e sobre esse segredo que sua avó tanto guarda, sim, sou muito curioso mesmo. A história da Julie, parece bem familiar com os livros do gênero, porém com os trechos que você colocou, aparenta ser um livro mais emotivo e que deixa as pessoas encantada com sua história. E gostei bastante disso que a história não é focada apenas no relacionamento amoroso de Julie e Arthur, mas também em suas amizades e todo o superação da tragédia que aconteceu em sua vida.
    O Pequeno Leitor

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  4. Quando vi a capa do livro pensei que ele seria um livro bem bobo de adolescentes problemáticos, mas quando fui lendo a sua resenha eu vi que não era bem assim que funcionava. Como você mencionou existe personagens bem marcantes com sentimentos fortes e trama familiar. Adorei a sua resenha e gostei muito de poder conhecer um pouco mais sobre a história. Vou dar uma chance e ler o livro.
    Bjs

    http://livrosemarshmallows.blogspot.com.br/

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  5. Oi, tudo bom?
    A sua resenha ficou ótima, com muitos comentários. Mas embora você tenha elogiado o livro inúmeras vezes, a sinopse não me chamou a atenção. Embora que eu tenha ficado com um pingo de curiosidade para saber deste segredo que a avó dela guarda.
    Um fato que eu achei interessante é que ele foi publicado no Orkut.

    Bjux ;)
    entrelinhasalways.blogspot.com.br

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  6. Oi, tudo bem?
    Eu me apaixonei pelo livro somente pela leitura da sua resenha, eu não o conhecia e nem a autora, mas fiquei bem surpresa ao saber que inicialmente o livro nasceu no Orkut e ganhou uma versão física agora. Como todo o livro com protagonistas adolescentes, acredito que também ficarei furiosa em algumas partes, porém me chamou a atenção o fato dos acontecimentos acontecerem de forma gradual e em pequenos passos e aos poucos a protagonista dando mais espaço para o amor sincero.
    Espero ter a chance de ler em breve.
    Beijos
    Um Rascunho a Mais

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  7. Fiquei surpresa com a resenha imensa, mas quando vi que o livro tem quase 500 páginas entendi o motivo. Ainda mais quando se gosta bastante da história, né? Eu sinceramente não conhecia a obra, mas achei a premissa muito envolvente, eu adoro tramas que mostram o mundo adolescente, dramas, amizades e tudo o mais. E pelo que você citou na resenha, não é um simples livro sobre adolescente, tem muito mais envolvido. Deve ser uma leitura realmente muito boa, e eu fiquei louca para ler.
    Adoro suas resenhas, Sammy! <3
    beijos
    http://www.apenasumvicio.com

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  8. Oiii Sammy, como vai?
    infelizmente dessa vez a obra em si não despertou muito meu interesse e com isso irei pular a dica, não me atraiu por de certa forma ser meio drama e todo esse rolo com o arthur me desanimou totalmente, não vejo um grande motivo para tal causa. Mas, fiquei bastante contente em ver a sua avaliação em relaação da obra, isso é sinal de que tu gostou. Parabéns pela resenha.
    Beijinhos

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  9. Olá! Adorei essa história repleta de dramas familiares e amizade! Fico feliz demais em saber que a versão impressa do livro sairá ainda esse ano e pretendo dar uma oportunidade de leitura a ele. Adoro livros que retratam uma "vida real normal" dos personagens, com erros, tristezas e alegrias. Que bom que Julie não cede à patricinha chata, já a admiro por isso.
    Valeu a dica!
    Beijos!

    Karla Samira
    http://pacoteliterario.blogspot.com.br/

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  10. Oie! Eu lembro que vi os comentário sobre a obra um bom tempo atrás, mesmo na época do orkut eu já tinha ouvido falar, talvez naquela época eu ainda tenha me interessado, mas agora com novos pesamentos e gostos literários acredito que não leria tão cedo, é um tipo de livro que já me desgastou de mais, então ando deixando de lado. Quem adoraria ler seria minha prima que adora o gênero, vou recomendar pra ela, a tua resenha ficou ótima.
    Xoxo

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  11. Oi Sammy!
    Que livro mais fofo! *-*
    Não o conhecia, mas assim que bati meu olho na capa fiquei já doida pra descobrir do que ele fala (esse é aquele tipo de livro que eu levava pra casa só pela capa, confesso).
    Não vou mentir a vc: estava esperando uma história bem adolescente, com aquelas situações típicas dos livros feitos para um público mais jovem. Gostei de saber que ele vai por um caminho bem diferente do que eu imaginava e trata de tantos assuntos bacanas. Só em vc falar eu já me apaixonei pelo Arthur, ele parece ser um encanto. <3 *-*
    Preciso comentar: tô besta até agora com o tamanho dele. Geeeente, é enorme! Hahahaha Não me admira ter sido um resenhão (lindo por sinal). Adorei!
    Beijos

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