Título: Uma Canção de Ninar;
Autor(a): Sarah Dessen;
Editora: Seguinte;
Número de Páginas: 320;
Ano de Lançamento: 2016.
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Foto:
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Remy não acredita no amor. Sempre que um cara com quem está saindo se aproxima demais, ela se afasta, antes que fique sério ou ela se machuque. Tanta desilusão não é para menos: ela cresceu assistindo os fracassos dos relacionamentos de sua mãe, que já vai para o quinto casamento. Então como Dexter consegue fazer a garota quebrar esse padrão, se envolvendo pra valer? Ele é tudo que ela odeia: impulsivo, desajeitado e, o pior de tudo, membro de uma banda, como o pai de Remy — que abandonou a família antes do nascimento da filha, deixando para trás apenas uma música de sucesso sobre ela. Remy queria apenas viver um último namoro de verão antes de partir para a faculdade, mas parece estar começando a entender aquele sentimento irracional de que falam as canções de amor.

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Minha Opinião:

Há tempos Remy perdeu a crença no amor. Sua mãe já caminha para o quinto casamento, depois dos anteriores, por mais elaborados e felizes à princípio, terem fracassado, motivo que a leva a não se deixar mais acreditar no sentimento e, consequentemente, seguindo um roteiro de términos constantes a cada vez que um namorado começa a querer aproximar-se mais dela. No fim das contas, Remy assume uma proteção própria para não se deixar sofrer por amor, e até então ela seguia bem com isso, até que, durante a organização do novo casamento da mãe, em um certo dia, ela se depara com Dexter, um garoto que além de insistir no contato direto com ela logo ao conhecê-la, foge de todos os padrões que costumavam atraí-la em um rapaz, sendo ele desengonçado, muito bem humorado, impulsivo e, principalmente, membro de uma banda, como fora o pai biológico de Remy até falecer antes mesmo da filha nascer, deixando como legado uma única canção que segue tocando nas rádios desde que ela se entende por gente. E, de repente, ao passo que Dexter começa a fazer mais e mais investidas, ela começa a se ver envolvida pelo rapaz e, com a faculdade à tão poucos meses de começar e ela se mudar, Remy se verá, enfim, compreendendo os motivos que levam a mãe e o irmão mais velho a, apesar de tudo, continuarem acreditando nesse sentimento tão confuso que é o amor.

Sarah Dessen é uma autora muitíssimo elogiada e querida por diversos leitores no segmento young adult, e meu primeiro contato com sua escrita se deu ainda em 2013 com o livro O que Aconteceu com o Adeus. Infelizmente, àquela altura, não havia conseguido me envolver com a leitura ou sequer gostar dos personagens daquele livro, e acabei por criar certa birra com seu modo de desenvolver os enredos, até tentar uma segunda vez em 2016, dessa vez com Os Bons Segredos, que nem ao menos passei dos primeiros capítulos devido a não ter, novamente, conseguido me envolver com os personagens e o enredo como um todo. Até então, estava decidida a não dar mais nenhuma outra chance à autora tão cedo, até me deparar com uma resenha tão positiva de Uma Canção de Ninar que me fez criar uma vontade súbita de dar mais uma última chance à autora. O resultado? Felizmente, bem mais positivo e bem sucedido do que as tentativas anteriores, e vocês já saberão o porquê.

“Eu já não tinha mais nenhuma ilusão a respeito do amor. Ele vinha, ele ia, deixava vítimas ou não. As pessoas não eram feitas para ficar juntas para sempre, independentemente do que diziam as músicas.”

A começar pela narrativa muitíssimo fluida, diferentemente dos anteriores que li da autora, que já conseguiu me prender nos primeiros capítulos, sob o ponto de vista em primeira pessoa da protagonista, Remy, que já inicia o primeiro capítulo planejando e acertando os últimos detalhes para o quinto casamento de sua mãe que logo mais acontecerá. Ainda que, no geral, não seja uma protagonista tão carismática e bem humorada como eu costumo me identificar mais, também não é mimizenta e, na verdade, permanece bem focada e certa de suas atitudes e decisões, que em alguns momentos podem ser bem duvidosas e radicais de se pensar, mas que em outros momentos são mais centrados do que em comparação, inclusive, à própria mãe, uma escritora de romances que, sentimental e sonhadora por si só, precisa ser constantemente lembrada da realidade para permanecer pé no chão. A crença que cada uma tem no amor já é uma divergência e tanto na relação de ambas, mas ainda que não compreenda a mãe nesse ponto, Remy segue sendo uma boa filha e, no fim das contas, deseja apenas a felicidade dela, ponto então com o qual simpatizei e me identifiquei.

“— Eu tinha uma regra que proibia músicos — expliquei.
Ela suspirou.
— Eu também tinha.
Eu ri, e ela também. Então eu disse:
— E por que quebrou essa regra?
— Ah, pelo motivo que leva todo mundo a fazer qualquer coisa — ela respondeu. — Eu me apaixonei.”

No âmbito pessoal, porém, nossa protagonista é mais distante, principalmente no campo amoroso, já nos primeiros capítulos, inclusive, terminando mais um relacionamento como bem faz parte de seu roteiro e medidas para 'não se deixar envolver' e, em seguida, viver mais um pacato e singelo namoro de verão até a faculdade começar no semestre seguinte. Essa programação da personagem é tão meticulosa de certa forma que é com surpresa e certo desespero que ela se vê quebrando essa rota à medida que Dexter adentra à sua vida tão de repente, logo de cara declarando que sente que ambos foram feitos um para o outro e não se abalando pelo jeito irritadiço e frio dela para com ele no início. Desengonçado, impulsivo e visivelmente sonhador como bem é, além de integrante e cantor de uma banda, ele persiste atrás da garota por quem de repente se viu tão apaixonado, e de forma um tanto quanto diferenciada e até cômica, dá-se início o relacionamento de ambos por entre alguns altos e baixos e bons momentos de descontração quando Remy passa a frequentar a casa que o rapaz divide com mais quatro amigos, cada um com uma personalidade mais distinta e divertida que o outro.

“Era aquele o problema, no fim das contas. Eu não perdia tempo com as possibilidades, enquanto ele mergulhava nelas. Pessoas como Dexter corriam riscos como cães perseguem cheiro de comida, pensando apenas no que haveria adiante, nunca racionalizando.”

Ainda que, como já citei, a protagonista não seja das mais simpáticas e algumas de suas atitudes tenham sido um pouco duvidosas para mim de vez em quando, é inegável que Uma Canção de Ninar tenha me cativado bem mais que as tentativas anteriores da autora. Dessen possui um estilo próprio de desenvolver enredos pacatos, mas ainda com uma carga de drama que, até então, sempre passavam um tanto quanto apenas distantes e indiferentes para mim, mas a história de Remy conseguiu me prender bem mais tanto pelas personalidades mais vivas e distintas de cada personagem integrante do enredo como, ainda, por ter um romance que conseguiu me envolver e fazer suspirar aqui e ali. Olhando de longe, Remy e Dexter não poderiam ser mais opostos e soaria um tanto forçado unir duas pessoas tão diferentes assim, mas a autora conseguiu conduzir seu relacionamento de uma forma tão natural e descontraída que pude sentir bem mais nesse livro o sentimento que os envolvia.

“Minha mãe era forte em todos os pontos que eu era fraca. Ela caiu, ela se machucou, ela sentiu. Ela viveu. E, mesmo com todos os tombos, ainda tinha esperança. Talvez na próxima vez desse certo. Talvez não. Mas, sem entrar no jogo, não dá pra saber.”

Dexter, principalmente, então o que mais demonstra o sentimento nessa relação, e que totalmente me cativou por seu jeito estabanado e espontâneo, sonhador nato quando se trata dos rumos que quer seguir e quão longe quer ir com sua banda, acabando contribuindo, de certa forma, para equilibrar a racionalidade de Remy e sendo para a garota a porta de entrada para aprender a dar uma chance a viver a vida sem grandes roteiros e planejamentos, sobre aprender a aproveitar os bons momentos e dar valor a quem nos ama. E ao falar sobre amor, também, o livro também não deixa de falar um pouco sobre relações em modo geral, sejam as de amizade, às amorosas e as familiares. Porque, até então, depois de observar os fracassos da mãe nos quatro casamentos anteriores e atualmente não levando muita fé no quinto, Remy vivia em função de se proteger e permanecia fechada para o amor por acreditar que não valia a pena sofrer nada por ele, mas eis que os novos rumos de sua vida a colocam de frente para esse sentimento tão imprevisível mas ao mesmo tempo tão importante nas nossas vidas, e percebendo que fugir dele só retarda ainda mais o sofrimento que, cedo ou tarde, poderemos passar por ele, direta ou indiretamente falando.

É assim que, junto a um elenco de personagens reais e das mais diversas personalidades possíveis, Uma Canção de Ninar acaba indo além de um simples young adult e levando o leitor a refletir, juntamente com a protagonista Remy que, por mais que o amor possa doer de vez em quando ou mesmo que algumas relações fracassem, não adianta fugir dele para sempre e que nessa vida é preciso soltar-se de vez em quando e se permitir arriscar, saindo da margem da vida e seguindo rota direto na estrada rumo à conquistar novas memórias e realizar sonhos e feitos inéditos. Uma leitura certamente muito recomendada, que conseguiu colocar Sarah Dessen enfim entre as autoras que espero continuar a ler sempre que possível.

Um Comentário

  1. Olá!
    Eu amo tanto essa capa, você não tem ideia.
    Esse livro está na minha lista há muito tempo, mas estou esperando um dinheirinho para poder comprar na versão física.
    Adorei essa mensagem que o livro traz!! Estou mais ansiosa ainda.

    Beijão
    Leitora Cretina

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