Título: A Profecia de Mídria;
Série: Os Mistérios de Warthia #1;
Autor(a): Denise Flaibam;
Editora: Mundo Uno;
Número de Páginas: 407;
Ano de Lançamento: 2016.
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SERAFINE DELAY ERA UMA GAROTA COMUM...
À sua maneira.
Sua vida na sossegada Vila do Sol muda de repente na noite em que sua décima oitava primavera era festejada. Um ataque força a jovem a fugir desesperadamente de monstros sanguinários e imbatíveis. Por algum motivo insano, tais criaturas queriam sequestrá-la!
Serafine mergulha no universo mágico de Warthia e começa a entender a ligação entre os desenhos que marcam seu corpo e a História daquele mundo... E descobre-se numa surpreendente situação: seu destino está traçado. Uma antiga profecia clama por seu espírito. Uma difícil jornada deve começar.
Na companhia de um belo e rude espadachim, uma simpática garota de orelhas pontudas e um felpudo guerreiro belicoso, Serafine ingressará numa viagem de perigos desconhecidos, treinando para derrotar aquela que vem das Trevas para tudo devastar.
Os Mistérios de Warthia devem ser desvendados, e Serafine é a única capaz de fazê-lo.

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Minha Opinião:

Quem acompanha o blog desde 2015 deve lembrar da minha resenha mais do que empolgada de Rubi de Sangue no mesmo ano. Havia sido o primeiro livro de Denise Flaibam que li e não poderia ter estreado com seus livros de forma mais bem sucedida, ainda que, agora, A Profecia de Mídria esteja quase em um páreo com o stand-alone de piratas. Neste primeiro volume da série Os Mistérios de Warthia, também tido como seu real livro de estreia, cuja primeira edição havia sido lançada ainda em 2013, a autora traz a história de Serafine Delay, então uma moradora aparentemente comum da pacata Vila do Sol no reino de Warthia, até o dia em que a pequena comunidade é fatalmente atacada por lobisomens à procura unicamente da garota. Dessa forma, seu então aniversário de dezoito anos só não vai totalmente por água abaixo após ela ser resgatada, ainda um pouco relutante por deixar os pais e os amigos para trás, por aqueles que se apresentam como seus novos guardiões, Jarek e Ývela.

Dá-se início, então, à série de descobertas sobre quem, na verdade, a jovem Serafine é em meio ao destino rumo a salvar todo o mundo de Warthia. Então filha adotiva do casal que a adotara em Vila do Sol, ela se vê de uma hora para outra deixando de ser uma simples moça para assumir o destino de escolhida pelos Deuses de Warthia para derrotar uma poderosa feiticeira das trevas que está por ressurgir. E mesmo quando ela não faz ideia de por onde começar, relutando ainda em acreditar em tudo isso, a ajuda virá através de seus guardiões, Jarek, Ývela e Guillion, mais o elfo Lonel, durante alguns treinamentos iniciais e descobertas cada vez mais intensas e inesperadas sobre tudo o que a cerca.

“— Pelo visto, muita gente esperava me conhecer. — Um sorriso divertido iluminou o rosto do elfo, que assentiu com um aceno.
— De fato, minha cara. Mais pessoas do que você pode imaginar. — Ela crispou os lábios. Estava cansada de só receber enigmas e nunca uma resposta concreta.”

Já havia bastante tempo em queria ler esse livro, inclusive no ano passado mesmo, mas acabei não tendo uma oportunidade muito boa para a leitura em 2016, o que, felizmente, porém, acabou por ser enfim feita agora em 2017. Começando a série com grande êxito e habilidade, A Profecia de Mídria é uma introdução muito bem escrita e desenvolvida, com um início por vezes um tanto lento, mas cuja leitura logo mais engata lá pela metade do livro e envolve o leitor de tal forma a não conseguir largá-la antes do final, principalmente quando as coisas começam a ficar mais sérias e Serafine, antes totalmente por fora da situação e leiga sobre tudo que a envolve, passa a descobrir pouco a pouco sobre seu então destino.

Morando até os dezoito anos na Vila do Sol, pela má aceitação dos habitantes em relação ao desconhecido, Serafine sempre conviveu noite e dia escondendo as diversas marcas reluzentes que adornavam seus braços, pernas e busto, fosse com mangas longas por entre os vestidos que usava e maquiagem para o rosto, passando-se então despercebida diante dos demais, tendo seu segredo ao conhecimento apenas de seus pais adotivos, Alanor e Mégara. Era uma jovem até então comum, impulsiva e por vezes ousada diante de certas situações, mas que fora realmente pega de surpresa diante da grande responsabilidade que permeia seu futuro. Ao longo de seus primeiros dias junto aos seus guardiões rumo ao encontro de Lonel, ela reluta inicialmente sobre aceitar o que a envolve, mas à medida que os então inimigos passam a atacá-los e a jornada vai ficando cada vez mais densa e perigosa, não dá mais para negar a situação. Nesse ponto da história, porém, admito que me irritei um pouco com o velho clichê de 'muitas perguntas e quase nenhuma resposta' sobre o que acontecia para a personagem, que passou grande parte do início ignorante aos detalhes reais de seu destino sob o pretexto de que 'era cedo demais para ela saber', e até compreendo que muita coisa seria mesmo um grande choque logo de cara, mas começa a ficar chato e repetitivo a forma como ninguém dá tanta atenção às suas dúvidas e em alguns momentos eu me irritei e pausei a leitura simplesmente por estar meio cansada desse, digamos, clichê.

“— É uma guerra, princesa, e que atire a primeira pedra aquele que não se sentir culpado por ela.”

Quando nossa protagonista ativa, enfim, seus poderes, porém, as respostas começam a surgir, e a leitura volta a engrenar com mais força. Nesse ponto, é quando acompanhamos a mudança que ela própria sofre perante si mesma e os demais; da garota anteriormente comum, insegura e um tanto quanto desajeitada em combate de antes, ela vai avançando em seu treinamento e ganhando cada vez mais habilidade, equilíbrio e segurança em si própria, ainda que no início continue a questionar-se sobre o fato de ela ser a escolhida estar mesmo certo. Fato é que Serafine acaba se descobrindo muito mais poderosa do que imaginava ser capaz, mas ela precisa aprender como utilizar todo esse arsenal ou, do contrário, irá fracassar do mesmo jeito. Assim, sem saber exatamente como se dará seus próximos passos em um futuro um tanto incerto, sua aflição é palpável e, ainda que eu não tenha exatamente sido cativada por ela, uma vez que carisma não é de todo algo que ela tem, envolvi-me com ela por entre seus receios e torci muito por seu sucesso, principalmente à medida em que, aos poucos, percebi a personagem amadurecendo com o passar dos dias, em grande parte mérito do apoio de seus guardiões, que começam a se fazer ainda mais presentes, não mais apenas responsáveis por protegê-la como, também, treiná-la de acordo com o que cada um deles sabe fazer também.

Cada qual dos três guardiões possuem personalidade e habilidades das mais distintas entre si. Começando por Ývela, uma ondina já há alguns bons anos adaptada a viver fora da água, dona de um rosto muitíssimo jovem, quase infantil, que esconde anos de muitas aventuras, dores e sabedoria. Uma personagem particularmente meiga e carismática que cativa tanto à Serafine quanto ao leitor sem precisar de esforços, pois é realmente agradável e uma guardiã e consequentemente amiga muitíssimo leal, sem falar em sua grande habilidade durante os combates, que contrasta totalmente com sua baixa estatura facilmente subestimada por quem não a conhece. Guillion, por sua vez, faz parte da raça dos atyubrus, espécie de coelhos gigantes e felpudos que, no entanto, não gostam de ser chamados de fofinhos - apesar de inegavelmente o serem, como Serafine bem repara. Então exilado de sua própria raça, acaba se descobrindo guardião e participa da jornada com muita presença e astúcia, treinando a protagonista ao lado da amiga de longa data, Ývela, e não demora até também se mostrar um personagem igualmente carismático e amigo fiel, além de ter uma coragem ímpar e não se deixar abalar perante julgamentos alheios com relação à escolhas e atitudes de seu passado, segredo este que ele guarda à sete chaves.

“Jarek era um caso complicado demais para se lidar. Em um momento, a estava abraçando e confortando, beijando o canto de seus lábios e flertando com ela. No outro, era frio e evasivo. Não havia qualquer maneira de extrair emoções significativas sem que ele quisesse. Era como lidar com um animal selvagem, que escondia todas as emoções em um canto inalcançável de seu coração, usando do perigo e da frieza para espantar quem se aproximasse. Só se conseguia a confiança necessária para receber algum sentimento de volta depois de muito tempo. Tempo que Serafine não fazia ideia de quanto duraria.”

Jarek, por outro lado, é um guardião que se destaca inicialmente pelo seu mau humor e ignorância característicos, ainda que suas habilidades em combate, principalmente em lutas corpo a corpo, sejam inegáveis. Diferente dos outros guardiões, não hesita em enfrentar ou mesmo provocar Serafine das mais diversas formas desde o início, devido sua natureza nem um pouco sensível ou sequer sociável, mesmo em meio ao atordoamento e confusão que claramente estampam o rosto e a mente da jovem à princípio, gerando então uma relação bem conflituosa com ela. Entre os demais, porém, talvez ele seja a maior incógnita para a protagonista, que não consegue entender o porquê de ele ter sido a maior surpresa para toda a Warthia quando se descobriu como um de seus guardiões, devido a diversos conflitos e segredos do passado do rapaz sobre os quais ninguém ousa explicar-lhe à respeito. À medida que o tempo vai passando, porém, sua relação com a garota começa a abrandar visivelmente, quando ambos começam a dar uma chance um ao outro e focar no que realmente importa, o que acaba despertando alguns dilemas com os quais nenhum deles está acostumado a encarar.

Fora as breves ressalvas sobre o clichê das respostas tardias do início, A Profecia de Mídria brilha por si só com um elenco de personagens tão marcante e onde, cada qual, desde os principais até os secundários, conseguem se apresentar e distinguir-se perante os demais devido ao conjunto de personalidades e características distintas e muito bem desenvolvidas pela autora no decorrer de toda a leitura. E quando unimos isso ao enredo propriamente intrínseco e intenso que é a jornada deles em Warthia, este primeiro volume de Os Mistérios de Warthia só se firma ainda mais no cenário da literatura fantástica nacional, conquistando e envolvendo o leitor em uma trama densa cheia das mais diversas nuances, da calmaria à aventura, do drama ao romance. Uma leitura que me cativou aos poucos mas se concluiu com um grande gostinho de quero mais pelos próximos volumes, dos quais o segundo, que já tenho, espero poder conferir ainda esse ano também. Mais uma série de fantasia nacional muitíssimo recomendada, com boas e grandes doses de adrenalina, emoções e reviravoltas inesperadas que podem mudar todo o rumo da leitura - para melhor!


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5 Comentários

  1. Oi, Sâmmy! Tudo bem? E essa capa maravilhosa, hein? Amei! <3 E seus comentários só me fizeram ficar com ainda mais vontade/curiosidade de ler o livro! :)

    Abraço

    http://tonylucasblog.blogspot.com.br

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  2. Olá!

    Fantasia não é meu forte, mas já tive o prazer de conhecer a Denise e é um amor de pessoa! Sem falar que seus livros são muito bem escritos, ela merece todo o sucesso que está tendo!

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  3. OI Sammy
    Nao conhecia o livro, nem a autora, mas fiquei bem curiosa!
    Adoro livros de fantasia e de autores nacionais
    Achei a capa linda, linda.
    Muito legal sua resenha, parabéns!
    Bjs

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  4. Suas resenhas são sempre super detalhadas, parabéns!!
    Confesso que fantasia não é o meu forte, então, ao ler a sinopse, já sabia que a leitura não faria muito meu gênero. Mas fico feliz em saber que você gostou, apesar do incômodo do clichê.
    Espero que você goste dos próximos livros também, beijos!

    ourbravenewblog.weebly.com

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  5. Olá,
    Tenho muita vontade de conhecer a escrita da autora pelo fato de fantasia ser o meu gênero favorito.
    Estou com Rubi de Sangue como uma de minhas próximas leituras e fico imensamente feliz em saber que é uma excelente leitura.
    Confesso que saber que a obra aqui resenhada tem um começo meio lento me deixa um pouco triste, mas entendo afinal já estou habituada com o gênero e no inicio precisamos de um pouco mais de explicações.

    LEITURA DESCONTROLADA

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