Título: A Princesa Renegada;
Duologia: A Chama da Esperança #1;
Autor(a): M. V. Garcia;
Editora: Arwen;
Número de Páginas: 381;
Ano de Lançamento: 2016.
Livro no Skoob


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Movidos pelo preconceito, pela sede por poder e pela perda, humanos e feiticeiros eram inimigos desde os primórdios de Yuan, gerando guerras e destruição.
Durante uma terrível guerra, que ficou conhecida como a Grande Guerra de Willford, Kaira perdeu o seu lar e sua família. Quando uma nova guerra se inicia, ela não faz ideia do que está por vir, mas a jovem feiticeira recebe a difícil tarefa de reunir os cinco clãs de feiticeiros da nova República em um único e poderoso exército. Será que ela vai conseguir?
Em uma aventura que percorre as planícies de Ghennas, a montanha gelada de Liore, os desertos de Rockaxe e as margens do rio Armon, Kaira, seu melhor amigo Garo e dois companheiros mais do que improváveis descobrem que há muitos segredos que alimentaram o ódio entre os dois povos.

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Minha Opinião:

Desde seus primórdios, as terras de Yuan foram palco do preconceito existente entre os feiticeiros e humanos que habitavam o território. Sede de poder por parte de indivíduos de ambos os lados, porém, acabaram se agravando e resultando naquela que ficara conhecida como a Grande Guerra de Wilford, responsável por dizimar e expulsar os feiticeiros remanescentes no território humano, levando-os a fundar a República dos Cinco Clãs Feiticeiros. Mas o que aparentemente era uma paz velada entre os povos logo voltou a gerar conflito pelo ressurgimento dos mesmos indivíduos do passado que proclamavam sede de poder e, agora, de vingança, por todo o ódio anteriormente recebido dos humanos. E em pleno estourar de uma nova guerra, a jovem Kaira será confrontada com a inesperada, mas inevitável, missão de deixar a vida pacata que ela tanto amava para entrar no meio de uma guerra e pará-la de uma vez por todas.

É engraçado pensar, agora, que essa premissa não me atraiu na primeira vez em que me deparei com ela. De repente posso não ter me atentado de verdade à história, já que conferi-a por alto e não lembro de ter lido nenhuma resenha dele também, então foi com certa surpresa que eu, então, me vi interessada na duologia em meados de Janeiro desse ano, coincidindo levemente com uma proposta de parceria da própria autora em Março para ler a obra. Claro que aceitei a oportunidade e, passado algum tempo, comecei a leitura em Agosto de 2016. Por algum motivo que ainda não sei, porém, acabei pausando a leitura após cinco capítulos lidos, mas ao retomar a leitura em Setembro, foi com uma surpresa maior ainda que me vi presa à leitura e envolvendo-me ao enredo e apegando-me aos personagens de uma forma tão frenética e natural que não tardei a finalizá-la.

Porque, apesar da inicial pausa de leitura em Agosto, fato é que desde os primeiros capítulos o ritmo ágil e fluido da narrativa de M. V. Garcia fica claro e conquista o leitor com poucas páginas. No primeiro livro da duologia A Chama da Esperança, a autora apresenta ao leitor o universo de Yuan e, através da narração em terceira pessoa, alterna entre diferentes personagens e lugares do território de Wilford e Ghennas, inserindo-nos aos poucos ao passado daquele mundo para só então entendermos o que se passa no presente. Essa introdução, no entanto, em nenhum momento ocorre de forma maçante ou cansativa, de forma que a autora discorre sobre os diversos acontecimentos ao longo dos quinze anos desde a Grande Guerra de Wilford de modo prático e rápido, o que já começou como um ponto muito positivo para mim, que avancei na leitura sem problemas.

Passados os capítulos mais introdutórios, conhecemos então os personagens que se concentram no elenco principal da história. Kaira, nossa protagonista, é uma jovem de quinze anos, então filha de uma feiticeira e um humano, ambos rainha e rei de Wilford antes da guerra anterior. Restando como o único legado deixado por seus pais e aquela que possui o poder vital para trazer a paz de volta aos reinos, pela posse da pedra d'A Chama da Esperança herdada de sua mãe, sua existência é desconhecida aos governantes de Wilford, e a jovem feiticeira de fogo é pega de surpresa por esse destino inesperado, e devido à inicial irresponsabilidade parte de sua personalidade distraída e sonhadora de outrora, é complicado para ela assimilar toda essa nova realidade. Ao mesmo tempo em que me apeguei à personagem desde o início, porém, irritei-me algumas vezes com ela por agir de forma muito infantil logo que a guerra estourou e ela se viu parte de algo tão grande, mas uma vez passado o choque e adentrando cada vez mais no meio dos demais clãs do Ar, da Água, do Trovão e da Terra, é visível o amadurecimento pelo o qual ela começa a passar, ainda que sua essência naturalmente infantil continue em alguns momentos. Sem dúvidas é uma personagem forte, mas o diferencial da duologia é que, mesmo com toda essa força, Kaira permanece sendo ela mesma e tem fraquezas como todos os demais.

Esses demais que, à propósito, foram personagens igualmente bem desenvolvidos. Marcando presença ao lado da protagonista e consequentemente responsável por sua escolta pessoal durante sua jornada, temos, primeiramente, Garo, feiticeiro de Fogo, amigo de infância da garota e cuja maturidade não deve ser subestimada. Apesar da primeira impressão distante e um pouco sisuda, Garo permanece como um dos personagens mais destemidos da duologia, sempre atento e ágil para realizar comandos ou mesmo para tomar atitude quando preciso. Apresentando visíveis sentimentos pela amiga, porém, ele não perde o foco em nenhum momento e tem como responsabilidade máxima protegê-la acima de tudo, como a sua própria família, tamanha sua real importância para ele, e por isso foi inevitável me apegar ao personagem e me ver cativada por ele, mesmo quando eu tinha receio de não simpatizar com sua personalidade, antes de conhecê-lo de verdade como o amigo leal, corajoso e ágil que é. Junto à ele logo se juntam também personalidades ímpares como Christine e Joseph, igualmente adolescentes e dispostos por mudar o rumo do mundo em que vivem e buscarem a paz em conjunto. Ela, como uma sábia feiticeira de Água que apesar da imagem séria por fora, mostrou-se uma amiga sem igual para Kaira, e ele como um dos guerreiros mais sutis e habilidosos, mas sem deixar de lado o carisma e, mais ainda, bom humor e galanteios que lhe são de costume.

O resultado de toda essa equação foi me prender ainda mais à leitura, e com o passar das páginas e conhecer de novos e importantes nomes como Adill, Hawk, Yukiko, Aramis, dentre outros tantos personagens incríveis e igualmente bem construídos, além de rumos inesperados na história, era difícil pausar a leitura. Como se não bastasse isso, a história propriamente dita se desenvolve em um ritmo muito gostoso, nem rápido ou devagar demais, mas na medida certa, com alternâncias entre Kaira e seus amigos, o avançar do exército de Wilford liderado por Hawk Kyrie enquanto já trava densas batalhas contra diversas vilas feiticeiras, além, também, da situação vivida no próprio castelo real, sob o comando daquele que poderia ser um dos vilões mais irritantes que eu já vi se ele não fosse simplesmente tão covarde e até uma vergonha para a categoria, de certa forma, rs. Elliot Seres, então responsável pelo governo de Wilford após a deposição da rainha Rosaria, mãe de Kaira, e também pelo acordo com os Falcões Negros que culminou nas guerras então conhecidas. Se eu imaginava à princípio que fosse ele o vilão, isso veio a ser esclarecido com a presença do Líder dos Falcões Negros, nas inúmeras vezes em que chantageou e ameaçou o governante com o objetivo de propagar o ódio contínuo entre humanos e feiticeiros, além de motivos ocultos que virão à tona no decorrer da leitura. De longe, ele sim foi um dos antagonistas mais sutis e ao mesmo tempo ardiloso que já conheci na literatura. Uma incógnita, também, durante boa parte da história, uma vez que não sabemos seu nome ou real identidade total, elevando ainda mais o mistério e até mesmo nossa repulsa pelo personagem depois de tantos planos terríveis, seja contra feiticeiros ou contra humanos.

É nessa relação tempestuosa entre humanos e feiticeiros, porém, que a autora conseguiu fazer uma abordagem incrível e profunda sobre, basicamente, o preconceito e seus males na vida daqueles que o propagam. Todos os conflitos entre ambas as raças são estabelecidos de formas tão firmes e abruptas que é simplesmente inconcebível para qualquer um deles unir-se ao outro, mesmo que em prol, até então, de um bem maior, que eles não desconfiam, no entanto, que seja justamente lutar contra os Falcões Negros. Esse ódio consequente de tanto preconceito entre eles cresce de tal forma que, inclusive, dentre os próprios feiticeiros, alguns clãs têm preconceitos para com outros, como a rivalidade existente entre os clãs do Fogo e do Trovão, além do quão subestimados são os feiticeiros da Água, o que deixa a leitura por vezes real ao passo, infelizmente, da nossa própria realidade, e levando mesmo uma simples ficção fantástica que A Chama da Esperança poderia ser a uma história que, apesar dos elementos ficcionais, tem muito de realidade, sim, com relações humanas conflituosas, que precisam ser restabelecidas para a paz voltar a reinar de novo. Assim, eu fiquei ainda mais fascinada e envolvida pela história, percebendo o quão ela consegue ir além, afinal.

Sendo assim, é mais do que óbvia a minha recomendação para que vocês conheçam e leiam não apenas esse livro, mas, desde já, a duologia como um todo. A Chama da Esperança consegue ir além de uma simples fantasia e apresentar personagens com dilemas e personalidades palpáveis, além de abordar temas reais e nos confrontar diante deles e o que podemos fazer para mudar a situação. M. V. Garcia fez uma estreia simplesmente e literalmente fantástica na literatura e mesmo além do universo de Wilford e Ghennas, espero continuar conferindo cada vez mais histórias suas. 

6 Comentários

  1. Oie

    A princípio a obra não chamaria minha atenção, não curto muito fantasia. Mas lendo sua resenha percebi que não se trata de mera fantasia, gostei de abordar o preconceito e seus males. Os personagens bem instigantes também.
    Vou anotar para uma futura leitura.
    Parabéns pela resenha!

    bjs
    Fernanda Y.

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  2. Olá, tudo bem?
    Eu não conhecia a duologia e nunca havia lido nenhuma resenha do mesmo. Achei bem interessante por se tratar de uma fantasia que levanta questionamentos tão reais e traz personagens palpáveis e bem construídos. Também gostei do fato do romance não se tornar o foco principal do livro, apesar de gostar muito de romances, em livros de fantasia eu prefiro que o foco seja na aventura em si.
    Mesmo que o livro não tenha despertado o seu interesse em um primeiro momento fico feliz em saber que a história te agradou e te surpreendeu. Já anotei a dica e espero ter a chance de lê-lo em breve.
    Bjs

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  3. Oi Sammy,

    Legal a história abordar esses tipos de temas que estão super em alta e é claro, precisamos desconstruir o maior numeros de mentes possíveis. Mas vou ser sincera, pela capa eu nunca leria e tbm acho que perco um pouco o interesse por ser fantasia, tema o qual ja estou enjoada faz um tempinho. Mas bom saber que o livro existe e que vc expôs maravilhosamente os argumentos, sempre que alguem perguntar uma indicação, vou lembrar desse livro.

    bjs
    Dana - Feed your Head

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  4. Oi, tudo bem?
    Vi sobre essa duologia a primeira vez por aqui mesmo e confesso que não me chamou muito a atenção, apesar da resenha incrível, por conta do gênero que é. Mas, fico feliz em saber que a obra trata de um assunto muito atual, que é o preconceito e com isso faz seu paralelo à realidade. Não gosto do estilo, mas reconheço esse mérito sempre que vejo, aqui não foi diferente.
    Novamente, seu post ficou ótimo!! Parabéns :)

    ourbravenewblog.weebly.com

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  5. Oie!!!

    Acho que eu já disse por aqui que fantasias não são meus livros favoritos, pooorém, tem umas resenhas que nos deixa muito curiosos né?
    Eu gostei de saber que houve um cuidado para construir tanto o enredo quanto os personagens. Sobre a tematica: eu amei!
    Já deixei anotadinho aqui!

    Beijinhos

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  6. Olá!

    Fantasia não é meu gênero favorito, porque sempre me perco durante a leitura. Essa capa é muito bonita, e se eu não tivesse lido sua resenha, eu ia achar que era uma capa de algum mangá ou anime.

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Obrigada por ler o post!
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