Título: O Pássaro;
Autor(a): Samanta Holtz;
Editora: Novo Século;
Número de Páginas: 368;
Ano de Lançamento: 2014 (2ª edição).
Livro no Skoob


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Caroline Mondevieu é filha de um poderoso barão e tem tudo o que uma dama da época poderia querer: status, riqueza e um ótimo partido para se casar. Seus sonhos, no entanto, vão muito além de vestidos caros ou um bom marido; ela quer ser dona do próprio destino. Tudo parece perdido quando ela encontra Bernardo, um charmoso e irritante domador de cavalos. Eles não conseguem se entender até perceberem que, para alcançar o sonho em comum da liberdade, deverão passar por cima das diferenças e se unirem em um arriscado plano que promete transformar suas vidas para sempre. Grandes emoções os aguardam nessa jornada: perseguição, mistérios, ciganos e o despertar de um sentimento que insiste em se manter escondido. Mas o que parece tão simples envolverá mais magia e coincidências que eles podem imaginar, além da descoberta de segredos, até então, muito bem guardados.

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Minha Opinião:

Quando li O Pássaro, ainda em janeiro de 2016, fazia exatamente dois anos que havia tido o primeiro contato com os livros da autora, em janeiro de 2014, através daquela que viera a ser uma das leituras mais marcantes, não apenas daquele ano, mas da minha vida como leitora, Quero Ser Beth Levitt. Desde então, a vontade de continuar a ler suas obras era imensa, e a oportunidade de adquiri-las enfim surgiu e eu pude conhecer, nesse caso, o livro que fora a estreia de Samanta Holtz na literatura, o romance que definitivamente a consagrou e abriu as portas para uma carreira que, assim desejo à autora, seja de muito sucesso, inspiração e lindas emoções, porque, da mesma forma, é disso que suas histórias são feitas, de muitas emoções e mensagens inspiradoras que podem fazer uma grande diferença na nossa vida.

Em pleno século XIII, como filha de um dos mais poderosos barões da região, Caroline Mondevieu tem tudo que uma garota poderia desejar nessa sociedade, desde os vestidos mais incríveis e luxuosos até mesmo a garantia de um ótimo pretendente com quem se casar. Ela, por outro lado, não dá muita atenção à nada disso, uma vez plantado em seu coração o desejo por liberdade e independência, após tantos conflitos com o próprio pai, então ditador do destino da jovem. Não muito longe dela, em uma humilde cabana em sua propriedade, Bernardo, um jovem e por vezes arredio domador de cavalos almeja sua própria liberdade dos campos de trabalho do Barão de Mondevieu. O primeiro encontro entre eles não é nada agradável, e nem mesmo os seguintes, mas uma vez que ninguém mais compartilha dos mesmos desejos que eles, ambos sabem que são os únicos capazes de se unirem e livrar à ambos da prisão em que se sentem. Mas nada será tão simples como eles imaginam, e à medida que uma série de segredos passados ameaçam vir a tona após sua fuga, eles não sabem, mas suas vidas irão mudar para sempre.

“— Ser cavalheiro? — explodiu. — Isso lá é coisa pra gente pobre como nós?
— A educação é sempre o mais importante — insistiu. — Ela não tem a ver com a riqueza, mas com sua honra de ser humano.
— Sei! — zombou. — Você não pensou nisso sozinho, pensou? Quem foi o idiota que colocou isso na sua cabeça?
— O idiota foi sua mãe. [...] — Ela também me ensinou que, acima de qualquer dificuldade, está o amor.”

O início de O Pássaro já é introdutório por si só, apresentando ao leitor a história e prestígio social da família Mondevieu, mérito do Barão e então pai de Caroline e Elizabeth, sua irmã dois anos mais velha. Em meio a uma cena da infância da personagem, acompanhamos os traços da curiosidade latente da personagem e sua postura em não abaixar a cabeça tão facilmente como era de costume às mulheres da época, ganhando uma certa marcação por parte do pai, que quer controlá-la da mesma forma que já faz à esposa e filha mais velha, mas uma vez sendo Caroline muito ousada, a relação de pai e filha tenderá sempre a ficar cada vez mais abalada e frágil. Ela é uma protagonista cativante e ativa, sem dúvida alguma, e por mais que vez ou outra queiramos dar-lhe um puxão de orelha por alguma atitude ou fala impulsiva, a verdade é que, apesar da narrativa em terceira pessoa, nos envolvemos com a história e, principalmente, com a personagem, de tal forma que compreendemos e até mesmo sentimos sua aflição e anseio constante por liberdade, principalmente à medida em que as máscaras da alta sociedade caem e enxergamos tamanha inferioridade a qual as mulheres da época eram subjugadas. Com seus eventuais equívocos e atitudes um tanto quanto mimadas logo no início, ainda assim, apesar da pouca idade de dezessete anos, Caroline era uma garota a frente de seu tempo, um pássaro preso na gaiola das convenções sociais da época, e que só almejava ser liberto e alçar um voo por conta própria.

“— Milady, eu...
— Conte-me, Bernardo: quantas damas você viu entrarem na floresta, para longe do conforto e da riqueza, sem qualquer ultimato? Renunciar a tudo em busca de algo que ouro nenhum poderia comprar? Sentir formigas picando suas canelas, enquanto podiam estar descansando em seu quarto limpo e seguro?
Ele apenas ouvia, perdido na dimensão dos pensamentos dela.
— E você ainda vem me falar de coragem!”

Ainda assim, com uma protagonista tão forte e determinada, Bernardo, da mesma forma, rouba a cena quando aparece e vai conquistando o leitor mesmo por entre seu jeito meio marrento e teimoso que, logo mais, se mostram apenas como traços que escondem toda uma sensibilidade e romantismo inerentes, inclusive, a quem almeja não apenas alçar seu próprio voo, mas, também realizar o tão antigo sonho de tornar-se corredor. Com o plano de Caroline, de repente esse sonho nunca esteve tão próximo de virar realidade, ao ganhar desta, como uma recompensa, um dos cavalos mais fortes dos Mondevieu, o "quase tão corredor quanto ele" Apolo. Mas ao passo que ambos permanecem em teimosia e orgulho, Caroline e Bernardo terão uma grande aventura por viver para só então reconhecer sentimentos que antes eles não estavam preparados para encarar e mesmo até vivenciar. E nesse ponto, por mais romântica que eu seja, gostei que a autora não tratou do romance como um foco; ele estava ali, mas desenvolvia-se de uma forma tão leve e natural, com certa lentidão que, no entanto, fez toda a diferença nos capítulos finais.

“— Elizabeth, qualquer esposa deve obedecer ao marido. Você não é a única.
Ela amenizou o tom da voz, reflexiva:
— Desde quando a obediência anula o amor?”

Assim, com dois personagens tão cativantes e que se destacam de uma forma tão forte e altiva no enredo, é natural que, de certa forma, esqueçamos um pouco dos demais personagens. No entanto, foi por driblar esse enfoque que a autora se superou mais ainda, pois, com o desenvolver da história e apresentar de cada um dos demais personagens, de repente me vi ansiando por saber o que aconteceria a seguir não apenas com a Caroline e o Bernardo, mas também à sua irmã Elizabeth, então recém-casada mas visivelmente decepcionada com a distância do marido a quem tanto ama, à mãe das duas, Antonelle, que apesar de inicialmente mostrar-se tão unicamente submissa ao marido e suas vontades, logo mais começou a agir por conta própria e a lutar mais pelo bem das filhas, bem como, por fim, à Filip, doce como um príncipe que, no entanto, tem seus sentimentos por Caroline não correspondidos, mas ainda assim mantendo a amizade tão delicada e pura iniciada ainda na infância. Outros personagens também se fazem presentes de forma igualmente importante no enredo, mas cuja apresentação só se dará na hora certa, então só lendo para conhecê-los. Por outro lado, de destaque negativo citemos o pai de Caroline, o barão Enézio Mondevieu, que se sobressai por tamanha frieza e ambição, que me fez torcer o nariz e desejar que ele desaparecesse da história a cada vez que ele se intrometia em algo e ditava ordens desmedidas às filhas e à esposa.

No fim das contas, O Pássaro conclui-se como mais do que um simples romance, mas como uma representação do grito por liberdade proferido, de certa forma, pela jovem protagonista. É como se sua jornada, enfim, não dissesse respeito apenas à ela mesma, mas também na influência que acabou tendo sobre a mãe e a irmã, dando-lhes o gatilho para buscar a real felicidade, a vida de verdade, que tanto Caroline defendi e até então elas não entendiam. Uma história tocante, com personagens fortes e marcantes que, mesmo após a conclusão da leitura, deixam saudades e permanecem na nossa memória.

11 Comentários

  1. Oi, tudo bem?
    Já me encantei pela protagonista, uma mulher forte que não tem medo de lutar pelo que quer, a frente do seu tempo. Achei a composição tanto da Caroline quanto do Bernardo boas, imagino que assim como você mencionou na resenha ele rouba a cena. Fico feliz em saber que o romance não é o foco, que acontece de forma mais sútil. Adorei o enredo desse livro, não conhecia a autora, mas vou pesquisar mais sobre. Que bom que a partir da busca de liberdade de Caroline ela conseguiu passar uma mensagem para a mãe e a irmã, que passaram a ansear pela verdadeira felicidade. Dica anotada!
    Beijos

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  2. Oiii Sammy, tudo bem?
    Eu realmente gostei bastante da obra, primeiro em relação a sinopse, adoro cavalos e isso me cativou quando li. Fiquei meio assim em relação a capa, sei que ela encontra a liberdade e tudo mais (seria algo misterioso e uma informação secundária que teríamos que imaginar na história) isso se for pensado dessa maneira iria ler. O que eu não me agradei, foi sobre ser apenas um simples romance, estou meio enjoada de livros assim. Pode ter certeza, anotei a sua dica querida, e leria por curiosidade mesmo.
    Beijinhs

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  3. Olá tudo bem??
    Então... eu sou meio suspeita para falar de livros de romance, pois não é um gênero que leio com frequência, mas gostei da sua resenha e achei o enredo bem interessante, pode ser que no futuro eu venha a lê-lo, de tudo o que mais gostei foi a capa do livro, compraria apenas vendo ela, parabéns pelo blog...
    Beijus
    Camila Mazzetto
    http://bibliotecaempoeirada.com.br/

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  4. Olá Sammy,
    nossa adorei a temática do livro, na verdade gosto bastante de livros de época e quando a protagonista deixa de ser aquela mocinha e passa a ser uma mulher forte e determinada!
    Eu vou colocar esse livro na minha lista de leitura, fiquei bem curiosa para ler.
    Parabéns pela resenha.
    www.embarcandonaleitura.com.br

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  5. Oiee ^^
    Tenho curiosidade de ler este livro desde que conheci a escrita da autora, em "Quero ser Beth Levitt", mas ainda não tive a oportunidade de lê-lo ♥ Gosto bastante de histórias que falam sobre liberdade, e também que apresentam um pouco as épocas mais "antigas". Fico feliz que você tenha gostado do livro ♥
    MilkMilks

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  6. Sâmella, nunca tive oportunidade de ler nada da autora, mas tenho muita curiosidade.
    Menina, que livro intenso.
    Gosto quando trazem mocinha de séculos passados que não estão dispostas a ser submissas.
    E é tão bom quando o romance se desenrola mais calmamente.

    Lisossomos

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  7. Olá, tudo bem?

    Já fazia algum tempo que eu não me interessava tanto por um livro. Eu sou apaixonada por romances, são livros que eu procuro quando quero passar um dia relaxando. A estória parece ser bastante intensa e fácil de se relacionar, já vou procurar esse livro e comprar hoje mesmo. Ótima resenha, parabéns :D

    Luz e literatura!

    cantaremverso.blogspot.com

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  8. Suas resenhas são sempre maravilhosas! Você se expressa muito bem! *-*
    Eu nunca li nada da autora, mas fiquei encantada com todo o ânimo que você demonstrou pelas obras dela. Essa é uma autora que eu preciso conhecer!
    Sobre a resenha, é a primeira que eu leio desse livro, gosto do estilo e da ambientação, e muito mais quando tem personagens femininas fortes!
    Quero muito conferir!
    beijos
    www.apenasumvicio.com

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  9. Parabéns por essa resenha maravilhosa!!
    Eu amo esse livro e a querida autora Samanta <3
    Esse foi o primeiro livro que li dela, ainda com a capa anterior e é impossível não se envolver, emocionar e vibrar com essa história. Como você muito bem colocou, ele é mais que um simples romance histórico é um grito de liberdade.
    Beijos

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  10. Oiii Sammy, adoreiii a resenha, estou louca para ler esse livro, quem sabe eu me animo.. Muito sucesso, Beijus
    http://preguicaliteraria.blogspot.com.br/

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  11. Awnnnn... Muito amor nessa escritora! Como amo!

    Foi o primeiro livro que li, e amei muito muito muito. Me identifiquei muito com a protagonista, e tenho pássaros tatuados nas minhas duas tatuagens, porque juntamente com o significado das principais os pássaros tem esse significado da vida de Caroline; eu li o livro em uma época muito difícil e de tomadas de decisões, onde me ajudou muito a escolher a liberdade. Pois tudo o que você ama nessa vida, de nada vale se você não for livre!
    Beijos.
    Estou amando suas resenhas.

    Blog Jovens Mães / Instagran / Facebook

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