Título: A Cidade Flutuante;
Autor(a): Daniel Dias;
Editora: Empíreo;
Número de Páginas: 311;
Ano de Lançamento: 2014.
Livro no Skoob


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Em 'A cidade flutuante', os leitores conhecerão Dominó, uma jovem e famosa bailarina do reino de Urjuwani, a capital do Império. Por força do magnetismo, a cidade consegue flutuar acima das outras cidades, que são exploradas para abastecer a capital de suas principais necessidades.
Porém tudo muda quando três surpreendentes acontecimentos perturbam a tranquilidade em Urjuwani: um atentado à vida do Imperador, uma misteriosa fenda no céu da cidade e um violento ataque pirata.
Filha de uma influente integrante do governo, Dominó começa a descobrir que os desastres que atingiram sua cidade guardam estranhas relações entre si. Em meio às revelações, a bailarina sofre um acidente e cai da cidade flutuante. Enquanto tenta voltar para casa, Dominó trava novas e improváveis amizades, e com ajuda delas vai descobrir que lendas podem ser verdades e sua vida, uma grande mentira.
Quem estaria por trás dessa trama? Conseguirá Dominó salvar o seu mundo de um desastre maior?
'A cidade flutuante' apresenta aos leitores um mundo fascinante, onde o fantástico e o real se misturam.

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Minha Opinião:

Resenha escrita por mim e originalmente publicada no blog Da Imaginação a Escrita.

No livro de Daniel Dias, seguiremos com Dominó, uma garota de dezenove anos então reconhecida como a principal bailarina da companhia de dança do império flutuante de Urjuwani. Desconhecedora das condições de vida dos povoados vários metros abaixo de sua cidade, ela segue sua vida em um ritmo tranquilo e rotineiro até se deparar com o retorno do irmão Rosso, um explorador, e uma súbita e misteriosa fissura que corta os céus em direção ao palácio do imperador. Ninguém faz ideia do que aquilo significa, mas quando, em seguida, os piratas dos céus atacam o império, não há dúvidas que seja algo ruim. Assim, ao ser bruscamente separada de Rosso durante sua tentativa de fuga para longe de toda aquela agitação, Dominó acaba por cair da cidade flutuante em direção aos povoados esquecidos logo abaixo. Sua queda é amortecida apenas pelo surgimento de um dos piratas, levando-os a parar direto na embarcação de um marinheiro foragido, Vicente, e seu filho, Alê. Agora, em meio aos conflitos que ainda perduram no império as dificuldades para retornar ao seu lar, Dominó acabará por ingressar numa viagem mar aberto ao lado dos novos companheiros, tendo a chance de conhecer não apenas o mundo que sempre estivera abaixo dela como, também, a ver-se cara a cara com questionamentos e revelações que porão em cheque toda a vida que ela conheceu até agora.

Sabe quando você começa uma leitura de forma despretensiosa, sem criar grandes expectativas, mas acaba se surpreendendo positivamente no decorrer dela? Pois é. Por mais curiosa e interessada que eu já estivesse há um bom tempo à respeito da trama de A Cidade Flutuante, eu definitivamente não esperava o misto de aventuras e fortíssimas emoções que seriam vivenciadas no decorrer da leitura. É fato que o dois primeiros capítulos se desenvolveram em uma narrativa um tanto lenta, mas uma vez que isto se dá apenas por serem uma introdução resumida, mas não menos aprofundada, sobre o universo criado pelo autor, desde suas crenças religiosas à apresentação de seus cenários, passado e lendas mais a fundo, não demora muito até que a fluidez ganhe forma no texto e a leitura passe a avançar de forma cada vez mais ágil e intensa, instigando ainda mais o leitor a ler para descobrir, enfim, como tudo está interligando e qual seria o resultado de toda essa soma. Infelizmente, no entanto, o que o livro teve de incrível e intenso durante 3/4 da leitura, teve de decepção já no seu desfecho.

“Ali, cada um a seu modo, ou desejava escapar de algo ou desejava achar respostas, senão os dois. Em qual dos grupos Dominó se encaixava? Ansiava por respostas. Disto não duvidava. A queda dera origem às suas indagações. Há dias, ela só tinha em mente encontrar uma maneira de voltar para casa. Agora, questionava-se se isso seria o melhor.”

Não que a leitura tenha sido ruim, não me interpretem mal. Mas comparado à toda a aventura vivenciada pelos personagens ao longo de mais da metade do livro, alguns pontos vieram a decepcionar de tal forma que a leitura que até a metade eu achava que se tornaria uma favorita ou com, no mínimo, quatro estrelas, tornou-se três com um sentimento de decepção real. Começando pelos próprios personagens, na verdade, a apresentação de cada um deles se dá de forma natural, permitindo-nos, aos poucos, conhecermos cada um deles melhor com o passar da leitura, acompanhando um crescente amadurecimento por parte de alguns deles, principalmente a protagonista, Dominó. Depois de ter conhecido e vivido em um único estilo de vida, sua surpresa e choque são crescentes ao deparar-se com a situação de miséria, abandono e desprezo em que vivem as pessoas dos povoados abaixo de Urjuwani, inclusive ao ser acatada pelos próprios vigilantes imperiais e conhecer a verdadeira face intolerante e esnobe do império. À medida que a leitura flui, acompanhamos o seu amadurecer, suas mudanças de ideias e opiniões anteriormente pré-estabelecidas, abrindo-se para um novo e incrível mundo que mesmo alguns dos que estão ao seu lado não haviam tomado conhecimento também até então.

O problema se dá, porém, que, com esse crescente amadurecimento da protagonista, por mais que a narrativa se dê em terceira pessoa permitindo-nos conhecer os demais personagens, o grande foco está em Dominó e em suas sequentes reações às relevações obtidas e ideias por serem postas em prática. Isso não foi de todo ruim, na verdade, até certo ponto gostei muito de ver aquela personagem recatada e sem jeito do início do livro tomando partindo sobre muitas coisas e incentivando todos os demais a prosseguirem em jornada, mas a partir de um momento em que o livro já se encaminhava para o final do livro, eu já não conseguia me conectar à ela de forma palpável como antes, e não demorou muito para que suas ações e reações soassem um pouco mecânicas ou frias em diversos momentos. Os últimos capítulos possuem segredos decisivos por serem descobertos e reconheço que o grau deles tenha tido um forte e inesperado impacto na personagem, mas até o fim do livro sua postura não mais me cativou e tornou-se, inclusive, um pouco apática e distante.

“Em breve estaria em Urjuwani, ante tudo que abandonara. Mas voltar para casa jamais significaria voltar a ser quem era antes.”

É justamente no desfecho, como citado anteriormente, porém, que a história decepciona de forma inesperada e insatisfatória ao assumir-se tão vago. Mesmo depois de toda a aventura vivida pelos personagens, no que mais parecia uma verdadeira guerra invisível entre o Imperador e o Templo, religião central da trama, se resolveu de uma forma tão abrupta e sem maiores explicações no capítulo final que, quando veio o epílogo, eu estava visivelmente perdida sobre como tudo havia se desenrolado de verdade a partir do desfecho. Além disso, por maiores que tenham sido as revelações nos capítulos anteriores, o epílogo veio com uma ambientação e clima de narrativa tão vago que fiquei com a impressão de que, depois de ter se dedicado tanto à todo o desenrolar da história nas 300 páginas anteriores, o autor simplesmente pôs um fim ao livro sem realmente explicá-lo e fazer jus à toda a grande e intensa aventura percorrida pelos personagens. O epílogo muito me soou como uma espécie de capítulo inacabado, ainda, que só fez a leitura, antes tão marcante, diluir-se como se tudo que tivesse acontecido antes não fosse, realmente, grande coisa como parecia. Foi como escolher simplesmente entre duas alavancas responsáveis por ou resolver um problema, ou acobertá-lo de alguma forma.

No fim das contas, eu me senti levando como um tapa na cara por avançar tanto e criar mil expectativas para um final que, quando chegou, não foi desenvolvido de forma satisfatória e que não fez sequer jus à todas as emoções vividas anteriormente na leitura. A história em si tem uma construção ótima, e parabenizo o autor por desenvolver e narrar cenas de diversos ângulos e situações com um dinamismo tão fluido e envolvente, mas o final escolhido por ele, acredito eu, não fechou a história como ela realmente merecia, depois de tudo. Ainda assim, A Cidade Flutuante foi uma leitura muito válida e que eu certamente recomendo pela mais pura e intensa aventura transcorrida em suas páginas, com a ressalva, apenas, de que não se espere muito dos dois últimos capítulos para não se decepcionar tanto como aconteceu comigo. 

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