Continuando a resenha da antologia Em Contos de Amor, como combinado, aqui está a segunda parte da resenha, com os outros oito contos do livro, escritos por mais oito autores, dentre os quais, desta vez, a própria organizadora da antologia, Mila Wander, encerrará com chave de ouro com uma história de sua autoria. E, bem, sem mais delongas, continuemos com as mini-opiniões...

Em Contos de Amor
Org. por Mila Wander
Disponível na Amazon


A antologia se dedica a contagem de histórias de amor, nascido em encontros, previsíveis e imprevisíveis, desde os mais dolorosos até os mais agraciados com a felicidade, em contos onde o amor é pregado juntamente com a superação das fases difíceis da vida, pela perspectiva de 15 escritores tão distintos, mas tão apaixonados. 

Conto 8 - Um Sorvete Para Dois, por Yuri Emanuel
 Encarei o título desse conto como a coisa mais simples e direta possível – imaginei, nesse caso, um casal se encontrando para tomar sorvete, tá, fui muito óbvia, mas ok. O que acontece nesse conto é que, na minha opinião, foi o conto mais confuso da antologia. Desenvolvido de forma alinear, sem seguir uma ordem específica de acontecimentos e demorando-se em devaneios e pensamentos do narrador ao falar de sua amada, esse conto, ao contrário dos outros, não conseguiu me cativar. Envolvido em tantos pensamentos e diálogos instáveis – não menos instáveis e contraditórios que o casal retratado –, sua leitura fluiu de forma lenta, arrastada, desconexa. Em vários momentos me desprendi do texto e não consegui entender com precisão o porquê de toda a enrolação. Sim, enrolação. Peço desculpas ao autor, sua escrita é muito bem formada em si, mas acho que os devaneios do personagem acabaram se excedendo e deixando a história um pouco maçante e confusa.

Conto 9 - Lua Negra, por Deise Müller
 Lua Negra, por sua vez, é uma pequena extensão das próprias histórias de Deise Müller, em Lilac e Silver. Envolto numa trama completamente sobrenatural, nos deparamos com Rachel e David, ambos bruxos e com a missão perigosa de enfrentar um demônio assolando um interior. No momento presente do início da trama, já se passou um ano desde que o casal rompeu o relacionamento com a incursão do rapaz na magia negra, o que leva a dupla a conviver com um clima de tensão crescente, mas há verdades que Rachel não sabe sobre toda a situação e ela terá que encarar o perigo iminente para conseguir desvendar o mistério que a envolve. Apesar de não ter me ganhado assiduamente, já que não sou muito presente na leitura de sobrenaturais, devo admitir que Deise desenvolveu e fechou muito bem o conto, de forma que, vez por outra, eu tinha a impressão de que ele fosse, não apenas um conto, mas o livro em si, pois ela formou tudo com muita maestria, para que mesmo quem não leu Lilac e/ou Silver, como eu, possam ler o conto e compreendê-lo sem muita confusão, o que é ótimo. Mesmo o romance, se envolvendo no conto de uma forma quase inconveniente, dadas as circunstâncias dos protagonistas, foi abordado nos momentos certos e, no fim das contas, ele foi uma história completa. Sem mais nem menos.

Conto 10 - A Pianista, por Samanta Holtz
 Em meio aos contos da antologia, tenho que admitir que estava mais ansiosa por ler o conto de Samanta. Depois de ter me apaixonado por Quero Ser Beth Levitt, esperava me encantar com mais uma história de dessa autora tão meiga e talentosa, e, por fim, não me decepcionei com o conto A Pianista. Nele, visitamos a primavera de 1947, e seguimos com a personagem Cecily no auge dos seus oito anos, deparando-se pela primeira vez com um piano e criando um laço de amor com o instrumento desde então. Assim, ela cresce aprendendo a tocá-lo e sonhando em tornar-se uma grande pianista, e é quando um novo amor aparece em sua vida... É um conto doce, sensível, como só a Samanta sabe escrever, e eu realmente gostei dele, apenas... senti falta de uma conclusão mais aprimorada para o futuro da personagem, após uma determinada noite... Tudo se concluiu rápido demais depois disso, e fiquei um pouco chateada, mas, ainda assim, a decepção passou longe. De qualquer forma, como já disse, é um conto sensível e delicado, com uma narrativa tão leve e graciosa que me vi terminando a leitura sem ter percebido o tempo passar.

Conto 11 - Um Cupcake que Mudou Minha Vida, por Liv Villa
 Já o conto de Liv Villa é um daqueles clichês que eu particularmente amo! Nele, acompanhamos Lara, uma mulher já bem resolvida da vida e escritora, que, como em todas as manhãs, vai até a cafeteria onde já é cliente assídua, mas, para variar, está chovendo muito nesse dia. Ao chegar, pouco depois, ela acaba por deparar-se com um garotinho desconhecido e sozinho, e, através de um simples cupcake, o dia que antes ela esperava ser mais um dia rotineiro, se transforma numa manhã agitada e surpreendente. Tem uma certa previsibilidade no ar, mas que ainda foi substituída por momentos de surpresa em como o enredo se desenvolvia. A trama elaborada pela autora foi bem clichê – não que eu esteja reclamando disso, eu amo clichês, vocês sabem –, mas ela desenvolve de uma forma tão fofa que você simplesmente esquece e torce pelo romance. É uma narrativa meiga, com um pouco de bom humor, e aquele ar inegável de romance acontecendo nas horas e situações mais inesperadas. Gostei muito!

Conto 12 - Playlist de Réveillon, por Camila Nascimento
 Já faz muito tempo que escuto ótimas indicações e elogios para o livro da Camila, Você Tem Meia-Hora, e foi muito bom poder me deparar com um conto seu nessa antologia e conhecer, de antemão, a sua narrativa e desenvoltura. Nesse conto, acompanhamos dois personagens cujas vidas se cruzam em pleno Réveillon na praia de Copacabana, de uma forma naturalmente inesperada e igualmente hilária. Um tanto quanto desajeitados, eles se declaram de forma breve, sem saber se irão se ver de novo adiante. No geral, é um conto bem escrito, ágil, com uma narrativa fluida e descontraída; o único ponto é que eu, porém, não consegui me envolver com os personagens e nem mesmo ao suposto romance. Foi tudo muito automático e rápido, regado à bebida e agitação de fim de ano, e, tá, eu sei que as pessoas só querem curtir no ano-novo, mas não me cativou tanto como achei que cativaria. Ainda assim, não deixa de ser um conto bom.

Conto 13 - A Medida do Amor, por Marcia Rubim
 Em seu conto, Marcia Rubim apresenta ao leitor uma história leve e divertida, centralizando Manoela Alisa, ou Manu, que no auge dos seus 17 anos, nunca foi beijada, e sonha que isso aconteça com Lucas, o nerd do colégio por quem ela é apaixonada. No entanto, um mal entendido entre o rapaz e a patricinha metida do colégio, Daniele, ocorre e Manu acaba por isolar-se no quarto, arrasada. Ao acordar, porém, ela se depara com um mundo paralelo, inteiramente preenchido por todas as coisas que ela mais ama no mundo, dentre as quais está Edward Cullen. Ela começa a viver essa vida paralela, achando estar tudo muito melhor, mas, de repente, nem tudo acaba por ser tão perfeito como ela esperava... Diferentemente de alguns outros contos, esse é bem mais centralizado na diversão e na leveza, com uma protagonista adolescente que está encarando uma possível ‘vida nova’ em um universo onde ela comanda, mas deparando-se com as situações mais imprevisíveis possíveis. A narrativa da autora também se segue fluida e fácil, e é uma leitura bem gostosa de ser feita. Apenas... acho que a protagonista é um tanto quanto infantil em diversos momentos. Bem teimosa e irritadinha, nem parece ter 17 anos. Os outros personagens seguem quase a mesma linha, meio estereotipada da patricinha, do nerd, da melhor amiga alto-astral, e não são muito marcantes, mas conseguem cumprir bem seu papel no enredo. Mais uma leitura leve e, de certa forma, satisfatória.

Conto 14 - O Som Encantado, por Adriana Brazil
 No conto de Adriana Brazil, embarcamos, novamente, em uma história de época, por volta de 1850, e conhecemos Sofia, uma moça singela e o orgulho de sua família, com o dom de acalmar o mais aflito coração com sua música, em especial, com seu piano. Mas, depois de muito oferecer conforto às outras pessoas, ela acaba por necessitar desse mesmo conforto, ao deparar-se com um feitiço de uma bruxa, e ter parte do rosto coberta por cicatrizes profundas. Com esse ultimato, ela passa a ficar reclusa e começa a deixar a música de lado, uma vez que não consegue a cura com o próprio dom, e só o amor será sua salvação. Esse já é o terceiro conto da autora que leio, e gosto muito da desenvoltura dela quanto aos contos, bem escritos e bem desenvolvidos. No caso de O Som Encantado não foi diferente, e ressalto apenas que o romance em si, não me cativou como eu esperava, mas, no geral, foi um conto bem planejado, com personagens que cumprem seus respectivos papéis, muito embora não marquem por sua presença. Mas, no geral, é, com certeza, uma linda história de superação e amor.

Conto 15 - Eu Não Te Amo?, por Mila Wander
 Por fim, mas não menos importante e marcante, temos o conto de Mila Wander, que se inicia com um casal em casa à noite, após um dia cansativo, quando a mulher diz “eu te amo” para o marido, mas ele não corresponde. Dá-se início a uma instabilidade no coração da personagem que acredita que o marido não a ama mais e o clima se intensifica entre eles; ela nunca esteve tão insegura, e ele nunca esteve tão confuso. Afirmo que esse conto, em minha opinião, fechou com chave de ouro a antologia, mostrando-nos que existem formas diferentes e pequenas de se dizer “eu te amo”, muito embora seu valor e peso continuem os mesmos que quando expresso em palavras. É lindo acompanhar o desenrolar da declaração e é impossível não suspirar ao fim de sua leitura.

Novamente, peço desculpas pelo tamanho de algumas mini-opiniões; acho que o meu subconsciente está no automático para fazer resenhas, rs. Mas, e então, gostaram do post? Já leram ou querem ler a antologia? Deixem nos comentários ;)

Beijos,
Sâmmy

3 Comentários

  1. Oii, o conto que mais me interessou foi o 15, mas mesmo assim, não sei se leria. Beijo,
    entreeleitores.blogspot.com

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  2. Querida Sâmella,

    Adorei ler sua opinião sobre "A Pianista"!! <3 Que bom saber que os contos, de modo geral, a agradaram tanto ^_^ Obrigada por publicar sua opinião!

    Beijos carinhosos,
    Sam

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  3. Olá Sâmella,
    Fico feliz que tenha gostado do meu conto e que tenha conseguido surpreendê-la. É muito gratificante receber esse retorno dos leitores.
    Só para testar sua capacidade de observação, existe um pequeno detalhe que liga meu conto ao "Um Cupcake que Mudou Minha Vida", conseguiu perceber o que é?
    Convido você a conhecer meu site www.cesarcosta.tk
    Um grande abraço,
    César Costa

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